Foto: CNC-UC Equipa de investigação da UC (da esquerda para a direita: Lino Ferreira, Luís Estronca, Anna Anjo-Stefanidis e Filipe Rodrigues)
Um consórcio de investigação europeu, encabeçado pela Universidade de Coimbra (UC), embarcará nos próximos quatro anos num ambicioso projecto para desenvolver uma tecnologia que poderá impulsionar a regeneração de neurónios em doenças actualmente com opções terapêuticas limitadas.
Sob a liderança do investigador da Faculdade de Medicina da UC, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC), e do laboratório associado Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CIBB), Lino Ferreira, o projecto de investigação denominado REGENERAR: Melhorando a Efectividade e Segurança da Edição Epigenética na Regeneração Cerebral será financiado pela Comissão Europeia, com cerca de três milhões de euros.
O REGENERAR visa utilizar ferramentas epigenéticas para converter células cerebrais de doentes em neurónios funcionais. Este avanço poderá representar uma viragem no tratamento de condições de saúde como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e doenças neurodegenerativas, que afectam directamente o sistema nervoso, comprometendo os movimentos e resultando na perda de funções neurológicas.
O líder do projecto, Lino Ferreira, sublinha a importância desta pesquisa, destacando que “o sistema nervoso central tem uma capacidade mínima de auto-reparação, sendo necessário criar alternativas que permitam substituir neurónios perdidos em consequência da lesão, como acontece, por exemplo, no AVC ou em doenças neurodegenerativas”.
Os tratamentos actuais para o AVC têm-se concentrado principalmente no restabelecimento do fluxo sanguíneo para minimizar os danos nos tecidos, com poucos ou nenhuns tratamentos farmacológicos aprovados para promover a reparação cerebral. Nesse sentido, o consórcio europeu visa explorar uma nova abordagem, concebendo uma formulação de nanopartículas em laboratório que, no futuro, poderá ser aplicada clinicamente.
A UC conta com a colaboração de cinco entidades académicas e industriais neste projecto: o Centro Helmholtz de Munique (Alemanha), o Instituto Fraunhofer para Toxicologia e Medicina Experimental (Alemanha), a empresa Single Technologies AB (Suécia), a Hovione Farmaciência SA (Portugal) e a Sociedade Portuguesa de Inovação (Portugal).
O projecto REGENERAR não se limitará apenas ao desenvolvimento tecnológico, mas também se concentrará em realizar testes rigorosos de segurança, tanto in vitro como in vivo, conforme as boas práticas laboratoriais, visando validar a eficácia da reprogramação epigenética para utilização clínica. A nova tecnologia poderá estar pronta para validação laboratorial até Fevereiro de 2028.