Coimbra  29 de Abril de 2024 | Director: Lino Vinhal

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CDU critica “visão economicista” para Mosteiro de Santa Clara-a-Nova em Coimbra

15 de Abril 2024 Jornal Campeão: CDU critica “visão economicista” para Mosteiro de Santa Clara-a-Nova em Coimbra

O vereador da Câmara de Coimbra eleito pela CDU criticou “a visão economicista e também bacoca” para o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, que considera pôr em causa “o valor da bienal” de arte contemporânea Anozero.

Na reunião do Executivo municipal, esta sgunda-feira, Francisco Queirós afirmou que a cidade viu com “estupefação” o anúncio, a 10 de Abril, de que a empresa Soft Time venceu o concurso público para a concessão e transformação num hotel do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, monumento que tem sido o epicentro da programação da bienal Anozero.

O anúncio foi feito pela Turismo Portugal, que deu como encerrada a fase pré-contratual do concurso, lançado no âmbito do programa Revive, destinado à transformação e requalificação de património do Estado.

“Ignorando o apelo da organização [da bienal], dos agentes culturais da cidade e dos munícipes, o Governo central e a Turismo Portugal, mas também com o silêncio da maioria da Câmara Municipal, destroem o que é hoje um marco da arte contemporânea na cidade, região e país”, afirmou Francisco Queirós.

Para o vereador da CDU, este processo revela “não apenas uma visão economicista, mas também bacoca”, pondo em causa o valor da bienal, “em troca de receita imediata”.

“O PCP voltará a convocar a cidade para a defesa intransigente da cultura e contra a sua mercantilização”, vincou, considerando a bienal Anozero um “projecto de importância incontornável para a cidade”.

Aquando do anúncio da Turismo de Portugal, o director do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), uma das entidades que coorganiza a Anozero, considerou estarem “reunidas as condições” para a bienal acabar.

Na resposta a Francisco Queirós, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, vincou que o Município não tem estado em silêncio relativamente ao tema, que considera que deve “interessar a todos”.

“O concurso foi lançado pelo anterior Governo socialista com o apoio deste Executivo porque o Mosteiro não pode continuar a degradar-se como tem estado a acontecer. […] É preciso investimento para recuperar as várias ruínas que temos em Coimbra”, defendeu.

O edil vincou ainda que já transmitiu “em múltiplas direcções” a disponibilidade do Município em considerar “todas as hipóteses que tragam associadas investimento”.

“Se alguém conseguir investimento público para recuperar o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e o orientar para outro destino, nomeadamente para a bienal, nós teremos todo o gosto nisso”, frisou.

Durante a sua intervenção, José Manuela Silva reiterou que o Município está “empenhado na continuação da bienal”, mas referiu que não consegue compreender como é que “alguém queira depender a arte contemporânea de uma ruína barroca”.