Um estudo liderado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) propõe uma solução para monitorizar de forma precisa e contínua o crescimento de microalgas e a produção dos seus metabolitos com elevado potencial industrial. A investigação foi recentemente publicada na revista Biosensors and Bioelectronics.
A nova tecnologia combina Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIS) com eléctrodos porosos tridimensionais, permitindo o desenvolvimento de uma sonda altamente sensível, capaz de acompanhar em tempo real a evolução das microalgas e a produção de exopolissacarídeos (EPS). Estas macromoléculas naturais destacam-se pelas suas propriedades emulsificantes, com aplicações relevantes na indústria alimentar, bem como pela sua actividade anti-inflamatória e antioxidante.
«Neste estudo utilizámos a microalga modelo Lobochlamys segnis e demonstrámos que o crescimento pode ser monitorizado continuamente por, pelo menos, 14 dias. Os resultados indicam que a taxa de crescimento logístico obtida por EIS é comparável aos métodos convencionais de contagem celular. Além disso, a resistência óhmica revelou-se um indicador fiável para a detecção do ponto máximo de produção de EPS», explica Paulo Rocha, professor do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE).
De acordo com o investigador, a introdução desta tecnologia constitui um avanço significativo para a indústria biotecnológica, ao permitir a optimização da produção de microalgas em larga escala e promover uma gestão mais sustentável dos recursos hídricos.
O estudo contou com a colaboração de Francisco Cotta Jr. e Felipe Bacellar, estudantes de doutoramento, Raquel Amaral e Diogo Correia, investigadores do CFE, e Kamal Asadi, professor na Universidade de Bath, no Reino Unido.