Coimbra  17 de Abril de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

António Carlos Albuquerque

Estratégia e Plano Estratégico: a relevância das decisões

11 de Abril 2025

Cada um de nós, na vida privada, quando planeamos “as nossas vidas”, seja do ponto de vista pessoal ou profissional, perspectivamos num horizonte temporal de médio/longo prazo algumas actividades que nos levarão à concretização de objectivos previamente definidos. Seja na educação ou noutra área se não ousarmos planear o caminho, a esmagadora maioria das vezes o sucesso fica mais difícil. Não quer dizer que numa ou outra circunstância não consigamos atingir um bom desfecho, mas é sempre mais recompensador quando é o resultado de um conjunto de etapas que culminam num bom resultado.

Mas para tudo na vida é necessário ter uma estratégia ou conceber um Plano Estratégico? Não! Mas há situações na nossa vida que não podemos deixar de ter estratégia que pode e deve ser materializada através da concepção prévia de um Plano Estratégico.

Em matéria de desenvolvimento económico e social é fundamental ter uma estratégia de desenvolvimento sustentado, assente em pilares base e construído através de um conjunto de etapas consolidadas, interligadas, com objectivos e indicadores bem definidos, numa métrica clara e que no limite atingirá o valor previamente definido para o sucesso.

Na actividade diária, em funções públicas, é muito frequente ouvir a expressão que raramente se tem tempo para planear, dado que a azáfama do dia-a-dia não permite perspectivar, ou seja, o estímulo diário é reagir em detrimento de agir/planear. Se nalgumas áreas não é critico, pelo pouco impacto que produzem na actividade, em desenvolvimento económico o planeamento estratégico é basilar!

A concepção da estratégia, alinhada com os objectivos iniciais, intermédios e finais, gerada através de um conjunto alargado de contributos, com as várias sensibilidades, que culminam numa perspectiva colectiva é sempre um caminho crítico reconhecido por todos. Mesmo quando numa ou noutra ocasião não produz os resultados esperados, é sempre compreensível por cada um. Ao contrário, quando não há estratégia e os resultados não são os esperados, a culpa é de todos e não é assumida por ninguém, a não ser por aqueles que deviam ter tido a coragem de planear.

A importância da existência de um plano estratégico, quando se pretendem atingir resultados ambiciosos, é fulcral, assim como a avaliação permanente, recorrendo a uma “vulgar” análise swot intermédia, de eventual análise e correcção da trajectória, tendo como objectivo final a afirmação da estratégia.

Sempre que planeamos, a distância para o sucesso diminui e a probabilidade de alcançarmos resultados duradouros é incrementada, por isso não há forma de alcançar o sucesso sem estratégia. Por vezes acontece, mas a sorte não está sempre ao virar da esquina. Dá muito trabalho e normalmente planeia-se!

Tempo de decisões importantes

É frequente confundir os conceitos de estratégia com plano estratégico, o que pode ser errado, dado que o plano estratégico é um processo que conduzirá à implementação da estratégia. Como exemplo poderemos citar Michael Porter (1989), professor da Harvard Business School, e expert nas áreas de administração e economia, em que ESTRATÉGIA poderia ser definida como um “conjunto de acções políticas, económicas e logísticas para atingir objectivos estabelecidos”; por outro lado, para Peter Drucker (1984), PLANEAMENTO ESTRATÉGICO é um “processo que determina os objectivos básicos da organização e adopta fluxos de acção para a sua realização”.

Num tempo de decisões importantes na vida das pessoas e dos territórios, é absolutamente critico e fundamental assumir uma postura de planeamento a todos os níveis. Seja na prossecução das promessas eleitorais, mas principalmente na constituição das equipas que materializarão no terreno todos os objectivos e politicas propostas. Não é concebível que, com o conhecimento que hoje dispomos, se constituam equipas que não tenham as valências para todas as competências dos órgãos eleitos. São tão evidentes as necessidades das competências, que qualquer distracção nessa área só pode ser considerado incompetência ou incapacidade para escolher os mais aptos.

As lideranças também se fazem sentir na escolha de quem os acompanha e deverão ser absolutamente escrutinadas, de forma a garantir que mais tarde não existirão as tradicionais desculpas de falta de talento, ou qualidade dos decisores e executantes das políticas sancionadas. A expectativa é elevada e deve ter correspondência nas escolhas dos líderes, que no final terão de assumir o sucesso ou o fracasso de todas as decisões.

É costume dizer-se, na Figueira da Foz, que quem vai para o mar avia-se em terra, pelo que nesta fase de decisões importantes deve imperar a capacidade e as competências demonstradas em detrimento de outra qualquer característica que distorça o mérito dos protagonistas. Boas decisões e muita sorte a todos!

(*) Doutorando e investigador