Nem a chuva travou o entusiasmo. A Ponte de Mucela, em Vila Nova de Poiares, foi palco de uma verdadeira viagem no tempo, com a II Recriação Histórica das Invasões Francesas a conquistar o coração de quem lá passou. A iniciativa assinalou os 214 anos desde os confrontos que marcaram a freguesia de Lavegadas, e a adesão foi tanta que nem o tempo cinzento conseguiu estragar o ambiente.
O dia começou com pompa e circunstância: hastear da Bandeira Nacional, armas em punho e uma salva de mosquete que fez vibrar o ar. As tropas, vestidas a rigor, prestaram homenagem aos heróis de 1811, perante as entidades locais e muitos curiosos que começaram logo a encher a margem sul do Rio Alva.
A manhã trouxe também um cheirinho a tradição. Tasquinhas, bancas com artesanato e produtos da região abriram portas, enquanto os soldados atravessavam a ponte, tal como o teriam feito há dois séculos. Um detalhe curioso: em 1811, a própria ponte foi parcialmente destruída para travar a fuga dos franceses, comandados por Massena – e este episódio ganhou nova vida nas encenações do dia.
O grande momento chegou à tarde, com a recriação da batalha. Foi um verdadeiro mergulho na história, feito com respeito e emoção. Para a Junta de Freguesia de Lavegadas, esta iniciativa é mais do que um evento: é uma forma de honrar quem lutou por Portugal e pela sua independência, e garantir que estas memórias continuam vivas nas novas gerações.
E a dinâmica em torno desta recriação não se fica por aqui. No início de Março, o Município de Vila Nova de Poiares juntou-se oficialmente ao projecto Roteiro dos Itinerários Napoleónicos, um movimento que já une 40 parceiros em torno da valorização deste património comum. A ideia? Criar uma oferta turística sólida e apelativa, ligada ao passado militar e cultural da região – e, quem sabe, atrair cada vez mais visitantes nacionais e internacionais com interesse neste tipo de história.
Com benefícios que vão muito além do turismo, este tipo de iniciativas também impulsiona a economia local – desde a restauração ao alojamento, passando pelo comércio tradicional e pela animação cultural.
A organização esteve a cargo da Junta de Freguesia de Lavegadas, com o apoio do Município de Vila Nova de Poiares, da Associação Cultural ‘Terras de Poyares’, do Grupo de Reconstituição Histórica de Condeixa e de várias associações locais. A animação ficou nas mãos dos Gaiteiros Rainha Santa e da Associação Filarmónica Serpinense, que ajudaram a dar alma e ritmo ao dia.