Coimbra  27 de Abril de 2025 | Director: Lino Vinhal

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Paulo Leitão quer PSD maioritário no distrito de Coimbra

14 de Abril 2024 Jornal Campeão: Paulo Leitão quer PSD maioritário no distrito de Coimbra

Paulo Leitão, actual presidente da Comissão Política Distrital de Coimbra do PSD, apresenta-se novamente à corrida pela liderança, no próximo dia 20. Licenciado em Engenharia Civil, actualmente ocupa uma posição de destaque na Águas do Centro Litoral, tendo ocupado outros cargos, como vereador e deputado.

 

Campeão das Províncias CP: Quais os motivos para se recandidatar à liderança Distrital de Coimbra do PSD?

Paulo Leitão PL: O PSD liderava apenas em 5 municípios no início do meu primeiro mandato. A Comissão Política concentrou-se na recuperação das estruturas e na apresentação de candidaturas credíveis, escolhendo os melhores representantes da sociedade civil. Houve uma significativa melhoria nos resultados eleitorais, com vitórias em várias câmaras municipais, apesar de algumas derrotas por margens estreitas. A abertura a independentes nas listas demonstrou a capacidade do PSD de atrair talento e rejuvenescer, essencial para manter a relevância política.

Recuperar a maioria das câmaras do distrito é o objectivo. Esta perspectiva de atrair quadros na sociedade civil deve continuar. O PSD precisa de se manter aberto para crescer e atrair os jovens, algo que tem sido notado nas eleições legislativas recentes, onde partidos à direita têm sido mais atractivos para os jovens. Os partidos tradicionais precisam de se manter relevantes e atractivos para não perderem a sua importância política e é isso que pretendo conseguir. A nossa ambição é voltarmos a ser o partido maioritário no distrito.

 

CP: Prevê entendimento entre o PSD e Pedro Santana Lopes?

PL: Tem existido uma aproximação com Pedro Santana Lopes, que é um ex-presidente do PSD e um ex-primeiro-ministro do PSD. Para já não posso adiantar muito, mas a convivência e a aproximação têm sido notáveis, até mesmo nas eleições legislativas. Pedro Santana Lopes tem feito questão de aparecer ao lado dos nossos candidatos. Portanto, esta aproximação tem sido evidente. Se olharmos para trás, ele é uma referência do PSD. Marcou positivamente a história do PSD e considero que é um activo para o partido. Estou convicto de que voltará a fazer história pelo PSD.

 

CP: Quais as linhas de força que apresenta?

PL: Este terceiro mandato será mais curto, devido à uniformização dos períodos eleitorais para concelhias e distritais, apesar dos novos estatutos ainda não estarem publicados. As concelhias irão a votos 60 dias após as próximas eleições autárquicas e as distritais 90 dias depois. O objectivo é evitar instabilidade governativa. Não prevejo isso este ano nem no próximo, pois os portugueses desejam estabilidade e os resultados eleitorais serão sóbrios. No entanto, poderá ocorrer instabilidade após a eleição do Presidente da República, em 2026. O foco será nas eleições autárquicas, onde o PSD tem uma oportunidade de inverter o mapa do distrito de Coimbra. Pretendemos reconfigurar o distrito, fomentar o tecido económico e reter talento para promover o desenvolvimento económico e a qualidade de vida na região. Ao nível interno, é essencial melhorar significativamente a comunicação. Nos últimos 2 anos, apesar da nossa intensa actividade, tenho notado uma lacuna nesse sentido. Iniciámos o mandato com eleições autárquicas, seguidas por legislativas, e continuamos a preparar futuros eventos. Tivemos a Convenção autárquica em Montemor-o-Velho e desafiámos o líder do partido a visitar o distrito. Fizemos críticas construtivas sobre obras como o IP 3, sublinhando a importância de uma verdadeira auto-estrada. O actual primeiro-ministro, líder do PSD, comprometeu-se com a concretização dessa ligação, entre Coimbra e Viseu, e Luís Montenegro é um homem de palavra. O foco da distrital será nas eleições autárquicas.

 

CP: Que apoios tem e quais os que vai conseguir em todos os concelhos do distrito?

PL: Tenho o apoio da grande parte dos dirigentes do PSD. Não é novidade que grande parte da equipa será mantida. Os que permanecerão incluem o presidente da Entidade Regional de Turismo, Raul Almeida, ex-presidente da Câmara de Mira, Jorge Custódio, presidente da Câmara da Pampilhosa, Luís Almeida, vereador em Arganil, e até o próprio presidente da Câmara, Dr. Luís Paulo, o vice-presidente da Câmara de Góis Nuno Bandeira e Rui Fernandes, vereador em Oliveira do Hospital. Estes são apenas alguns exemplos. Além disso, temos o engenheiro Maurício Marques. É importante mencionar que, de momento, os simpatizantes não podem figurar nos órgãos internos, mas talvez um dia seja possível. Esta é uma equipa experiente, empenhada e dedicada ao trabalho de proximidade, que tem sido reconhecida pelos eleitores como representante dos seus interesses e defensora dos seus concelhos e assembleias.

 

CP: Como vê ter desta vez uma outra candidatura, a de José Miguel Ramos Ferreira, que por sinal tem tecido duras criticas à sua liderança?

PL: É sinal de que o trabalho foi bem feito e que neste momento torna-se mais atractivo, daí a existência de mais candidaturas. Até porque, se analisarmos este crescimento autárquico, tendo vencido as eleições e tendo um Presidente da República, ex-presidente do PSD, talvez aqui tenha havido uma inversão do paradigma. A evolução dos resultados autárquicos no distrito de Coimbra, nas últimas eleições, foi muito superior à evolução dos resultados pelo país todo. E isso é um factor diferenciador do trabalho que foi feito no distrito de Coimbra. Este é o trabalho que não pode ser interrompido, tem de ser continuado. E, eu repito, não pretendemos ser vitoriosos só por ser vitoriosos. A política é uma actividade nobre de serviço ao próximo e não de serviço próprio, e portanto, o que pretendemos é que com os melhores actores políticos, com as melhores pessoas, mudar e reconfigurar aquilo que é melhor na actividade política no distrito e melhorar a vida das pessoas. Relativamente à candidatura de José Miguel Ramos Ferreira e às críticas, penso que é estranho, até porque ele fez parte da Comissão Política Distrital e demitiu-se durante este último mandato. Eu costumo dizer que devemos olhar para aquilo que fazemos e não só para aquilo que dizemos. Eu respondo por aquilo que tenho feito. A minha equipa responde pelo que tem feito. Temos apresentado resultados e desafio o meu adversário a compará-los. É também este o desafio que lanço aos militantes e estou convicto de que eles o vão fazer no dia 20.

 

CP: O PSD manteve os três deputados por Coimbra e o PS voltou a ganhar o Distrito. Que aconteceu para não convencerem os eleitores?

PL: Tenho que reconhecer que o nosso objectivo era sermos vitoriosos e vencer o círculo eleitoral. Não conseguimos, mas devemos também olhar para os resultados e ver o que se passou. É público que fomos o primeiro distrito a ser prejudicado pela confusão da AD com o ADN e, se não me falha a memória, nós ficámos a 800 votos de eleger o quarto deputado.

 

 

CP: Agora o Chega tem dois deputados por Coimbra, como vão lidar com esta situação?

PL: Foi um fenómeno nacional. Se olharmos matematicamente em comparação com as últimas eleições, o principal prejudicado foi o Partido Socialista, que perdeu 2 deputados para o Chega. Luís Montenegro tem sido muito claro com a sua posição. Espero que esta clareza não seja confundida com a necessidade ocasional de entendimentos pontuais na Assembleia da República, pois é crucial garantir e aprovar um conjunto de reformas que, por exemplo, podem não ser apoiadas pelo Partido Socialista. Apesar de entendermos que o PS, como um dos partidos fundadores da democracia portuguesa, também tem uma quota-parte de responsabilidade juntamente com o PSD para garantir a estabilidade e a governabilidade.

 

CP: Como vê o actual Governo liderado por Luís Montenegro?

PL: Com grande agrado, vejo que algumas personalidades incluídas são oriundas do distrito de Coimbra, com destaque para a nossa cabeça-de-lista, que detém uma pasta de extrema importância. Além disso, esta pasta está relacionada com uma área em que temos enfrentado alguns desafios, com investimentos adiados ou não concretizados por parte do Partido Socialista. Recordo-me bem do Palácio da Justiça, um assunto que tem sido discutido internamente. Na revisão do PDM destaca-se também a questão do estabelecimento prisional. É de extrema importância reconhecer o papel da justiça em Coimbra, e este governo parece estar consciente disso. Acredito que, desta vez, haverá um olhar mais atento para Coimbra como uma cidade importante no sector da justiça, o que certamente trará benefícios para a região. Além disso, é positivo ver que a ministra, que liderou a lista, assim como outras personalidades na área do turismo, cultura e educação, têm raízes no distrito de Coimbra. Essas conexões pessoais são fundamentais para a acção política e para o bom governo da região.

Entrevista: Luís Santos/ Joana Alvim

Publicada na edição do “Campeão” em papel de quinta-feira, dia 11 de Abril de 2024