No contexto do Dia Mundial da Esclerose Múltipla, que se assinalou ontem, o Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) destacou-se ao criar um canteiro/horta terapêutica no âmbito do tema do evento de 2020-2023, intitulado “Conexões”. A iniciativa visa promover a conexão com o próprio, com a comunidade e com cuidados de qualidade, desafiando as barreiras sociais que levam ao isolamento.
A equipa do Serviço de Medicina Física e Reabilitação (MFR) do HDFF, EPE, implementou o projecto no espaço exterior do Ginásio de Fisioterapia, com o objectivo de diversificar e integrar outras abordagens e planos de tratamento para os utentes. Através do envolvimento activo no cuidado de um projecto em crescimento, pretende-se contrariar o estigma associado a esse tipo de patologias, que muitas vezes são relacionadas com perda progressiva e negligência social.
Segundo a Fisioterapeuta Maria José Caceiro, os benefícios associados a esse projecto são amplos e diversificados. Num contexto de aumento de doenças crónicas, degenerativas, patologias de neurodesenvolvimento e população geriátrica, torna-se necessário associar os benefícios motores e cognitivos a actividades funcionais e do quotidiano. Essas actividades, com impacto directo no bem-estar psicoemocional, frequentemente debilitado nessa população, incluem aspectos como mobilidade, coordenação, equilíbrio, destreza manual, controle motor e sequenciamento de tarefas, entre outros.
Estudos têm demonstrado que o contacto com a natureza reduz os níveis de estresse, baixa a pressão arterial, proporciona uma sensação de conforto e estabilidade psicológica, melhorando o estado de humor. Esses factores são essenciais para o envolvimento motivacional na intervenção terapêutica, como a fisioterapia e a terapia da fala. Ao cuidar da horta terapêutica, os utentes são incentivados a participar em actividades facilitadas por um terapeuta, que visam apoiar os objectivos do plano de reabilitação, ao mesmo tempo em que cultivam o sentimento de bem-estar e contribuem para o cuidado e crescimento contínuo do projecto.
No dia de ontem, a equipa do Serviço de MFR do HDFF inaugurou simbolicamente o canteiro, que foi “aberto” por dois utentes. A intenção é que essa estrutura, preparada com paletes e baseada em princípios ecológicos e de economia circular, represente não apenas a esclerose múltipla, mas também outras condições supra descritas.