Foram vendidas 3 300 doses de lampreia em regime de ‘take away’, durante três semanas, no concelho de Penacova, no âmbito de uma campanha que será prolongada até 16 de Março.
As doses vendidas pelos oito restaurantes envolvidos na iniciativa, que deveria terminar no domingo (28), correspondem “mais ou menos a 1 000 lampreias”, disse à agência Lusa João Azadinho, vereador da Cultura e do Turismo.
“Vamos continuar com esta campanha pelo menos mais duas semanas, enquanto vigorar o novo estado de emergência”, adiantou.
O autarca do PS informou que a comercialização da lampreia, através do regime de ‘take away’, “está a ter uma aceitação muito grande”. “Ultrapassou as nossas expectativas e os restaurantes dizem que está a correr muito bem”, apesar de “este conceito não ser muito usual”, acrescentou João Azadinho.
A acompanhar cada dose, confeccionado pelos estabelecimentos de acordo com receitas ancestrais que passaram de geração em geração, segue um pequeno “saco de pano com a medida de arroz branco”, que será depois cozinhado pelo cliente.
O Município oferece a saqueta e a caixa de cartão para as pessoas levarem o manjar com o característico molho negro, bem como um folheto informativo e, por cada prato, um exemplar da doçaria conventual do concelho – uma “nevada” ou um “pastel de Lorvão”.
“Julgo que é um sucesso esta parceria com os restaurantes e a Confraria da Lampreia. Está a resultar em pleno”, congratulou-se João Azadinho.
Para além do ‘take away’ algumas firmas têm feito entregas ao domicílio em Coimbra e concelhos limítrofes.
Concebida pela autarquia de Penacova, em colaboração com a Confraria da Lampreia, a campanha acaba por ser “uma forma indirecta de ajudar os restaurantes” encerrados devido ao confinamento geral para travar a pandemia da covid-19.
A chamada época da lampreia, quando este ciclóstomo sobe o rio Mondego, a partir do estuário, na Figueira da Foz, para desovar a montante de Penacova, decorre habitualmente entre Fevereiro e Abril.
Contudo, segundo João Azadinho, Penacova “tem ainda alguma expectativa” de haver lampreia servida à mesa dos restaurantes, em Abril, caso entretanto o desconfinamento seja decretado e permita, mesmo com atraso, a realização do festival anual em torno da iguaria.
Animal do tempo dos dinossauros, que reparte a sua vida entre meios de água salgada e doce, nos oceanos, rios, ribeiras e lagoas, a lampreia faz parte há séculos da identidade gastronómica da região.
Com diferentes modos de cozinhar, é servida por casas da especialidade na Figueira da Foz, Montemor-o-Velho, Coimbra, Penacova, Mortágua, Santa Comba Dão e outros municípios banhados pelo Mondego e afluentes.