O presidente Associação Académica de Coimbra (AAC), Daniel Azenha, afirmou que é contra a realização da “praxe tradicional”, considerando que, em alternativa, podiam ser realizadas actividades para mostrar a cidade e a sua cultura.
“A praxe é o que fizermos dela. Temos actividades lúdicas, culturais e desportivas que podem ir ao encontro de uma recepção ao estudante. Agora, se for a praxe tradicional, discordo na íntegra”, disse Daniel Azenha à agência Lusa no final da assembleia magna de estudantes que decorreu ontem (24) à tarde.
O dirigente estudantil recordou que a AAC não regula a praxe, referindo que terá uma reunião com o Conselho de Veteranos, responsável por esta tradição, na próxima segunda-feira (28), onde irá manifestar a sua preocupação em relação às decisões daquele órgão.
“Se for uma praxe tradicional não faz grande sentido. Não podemos expor o estudante ao risco e ao perigo”, defendeu.
Ao contrário do que aconteceu noutras academias do país, como no Porto ou em Trás-os-Montes, em Coimbra, o Conselho de Veteranos confirmou a manutenção da praxe, que terá novas regras, como o uso de máscara, distanciamento e proibição de grupos com mais de 10 alunos.
“Nós não fomos tidos na apreciação do documento que foi enviado. Fomos apenas informados”, disse à Lusa Daniel Azenha, mostrando-se preocupado que “haja abusos e excessos que não vão ao encontro das regras da Direcção-Geral da Saúde”.
Para o presidente da AAC, não se pode “olhar para o lado e achar que a praxe não existe”, mas considera que, este ano, face à pandemia da covid-19, deveria “estar muito mais ligada a uma questão cultural e não à actividade praxística que existe”.
“Poderia haver aqui uma mudança na forma como existe a praxe, mas nós não regulamos a praxe, não temos a possibilidade de a proibir, mas apelamos ao bom senso”, acrescentou.
Daniel Azenha sublinhou, ainda, que a AAC será a primeira “a alertar para comportamentos indevidos e comunicá-los às autoridades, se tal for necessário”.
Estiveram quase 200 estudantes, no Campo de Santa Cruz, a participar na primeira assembleia magna após o começo da pandemia, onde foi obrigatório o uso de máscara e o distanciamento de dois metros entre os participantes. Nesta sessão foi aprovado o Orçamento para 2020, que já mostra o impacto da covid-19 nas contas da AAC.
“Este ano, tivemos perdas que rondam quase os 400 000 euros”, referiu Daniel Azenha. De acordo com o responsável, as quebras relacionam-se com a não realização das festas dos estudantes e com cortes nos apoios e patrocínios por parte de entidades e empresas.
“A dívida externa tem vindo a reduzir. Conseguimos passar de 280 000 euros para 60 000 euros e o objectivo agora era estabilizar a casa, mas não conseguimos eliminar a dívida externa”, constatou.