Diz o povo que no tempo dos mouros existiu uma moura chamada «Nhede» que costumava cantar à noite. Era senhora de especiais dotes vocais, uma voz maviosíssima, que a todos maravilhava.
Porém, um dia parou de cantar, para desgosto de quem a costumava escutar. Um dos homens mais inconformados dirigiu-se à casa da moura e, sob as janelas fechadas e ar sombrio, suplicou-lhe que não se calasse e continuasse cantando, dizendo:
– Canta-Nhede, Canta-Nhede – repetido pedido que, segundo a lenda, terá dado origem ao nome de Cantanhede.
O curioso desta lenda é que a mesma não colhe a mínima correspondência com a ciência. De facto, Cantanhede deriva do latim cantinieti (villa) isto é, quinta da canteira, ou pedreira de cantaria.
Cantonietum é um substantivo colectivo derivado de cantonius e este de cantus, pedras.
Em 1807 escrevia-se Cantonied/Cantoniede, forma que evoluiu ligeiramente até se fixar na conhecida e actual Cantanhede.
(*) Historiador e investigador