O vídeo em 3D que retrata a cidade de Coimbra no século XVI, um “presente” criado pelos arquitectos Rúben Vilas Boas e Isabel Anjinho, para a comemoração dos 900 anos de Almedina, hoje território da União de Freguesias de Coimbra.
O filme “Construção do 3D da Coimbra Medieval” foi apresentado, publicamente, a 29 de Outubro,
data em que Almedina perfez 900 anos, dando assim “uma nova visão sobre a cidade antiga e as suas muralhas”, como adiantou, na altura, o presidente da União de Freguesias de Coimbra, João Francisco Campos.
“É um projecto, ainda em desenvolvimento, que nos vai permitir descobrir os antigos castelos, igrejas, ruas e vielas, pontes e torres, que defendiam a cidade. Poder entrar na antiga Igreja de S. Cristovão, desaparecida há mais de um século, como se ainda hoje estivesse de pé, percorrer as ruas da cidade, como se voltássemos atrás no tempo, numa qualquer máquina do tempo, tudo isso vai ser possível”, referiu.
A ideia de uma modelação 3D da Coimbra Medieval surgiu em Novembro de 2018 quando um arquitecto natural da cidade, Rúben Vilas Boas, encontrou a publicação sobre a “Fortificação de Coimbra”, que resultara de uma investigação de Isabel Anjinho, também ela arquitecta. Essa investigação fora possível graças a uma bolsa da “Fundação para a Ciência e a Tecnologia”.
Rúben Vilas Boas estava a dar os primeiros passos e já reconstituíra alguns monumentos. Isabel Anjinho dispunha de uma maqueta física com o resultado a que tinha chegado, mas não em realidade virtual. Tinha, no entanto, consciência que essa ferramenta abriria um mundo de possibilidades. Então resolveram estabelecer uma parceria, mas os resultados só seriam divulgados mais tarde, num blogue (“Coimbra Medieval”), para que todos pudessem sentir uma Coimbra que já não existe.
A estrutura urbana da outrora capital do reino foi profundamente alterada, sobretudo devido ao regresso definitivo da Universidade em 1537. D. João III encetou uma verdadeira revolução urbanística, rasgando ruas, alterando percursos, projectando novas portas para a cidade. Previram-se casas para os estudantes civis e para os religiosos. Para estes, só de 1530 a 1593, foram construídos 19 novos colégios.
Fruto da pressão urbanística gerada, o monarca cedeu os terrenos que possuía, até o que restava da fortificação, e a Coimbra medieval intra-muros (a Almedina) perdeu-se no tempo, ressurgindo agora graças às novas tecnologias.
Para Isabel Anjinho, “este é um projecto que nunca estará completo porque é sempre um trabalho em constante estudo e que será partilhado com as pessoas, nomeadamente, através do blogue ‘Coimbra Medieval’, onde será possível passear pelas ruas, entrar em locais históricos, etc.”, acrescentando que esta é “uma ferramenta que poderá ser muito importante em termos de visualização e aprendizagem, para além de permitir um mundo de oportunidades”.
O desejo dos autores é, precisamente, “que este trabalho sirva, também, para contribuir para o desenvolvimento da nossa cidade e, em particular, do centro histórico”.
A partir de agora, também, qualquer pessoa poderá ficar a conhecer como era cada canto e recanto daquela zona nas épocas mais distantes.