Maio, maduro Maio, quem te quebrou o encanto, nunca te amou (José Afonso), com o seu dia do trabalhador consagrado em Portugal após o 25 de Abril, e sendo reprimido pela polícia no Estrado Novo, é o mês do trabalho e da reflexão, onde o trabalhador não se limita às suas conquistas laborais.
A sua estrutura psicológica personalizada, a sua inserção na sociedade, os direitos e regalias assumidos e tradutores de qualidade de vida sim, mas também o compromisso de responsabilidade estabelecido com uma rede onde ressalta a família, que não é apenas como um agregado familiar, é também um suporte dinâmico considerado fundamental para a estabilidade e o afecto.
Haver independência total do trabalho em relação à família, pode ser considerado importante, por representar isenção entre as funções profissionais assumidas e a preservação dos laços familiares, ou por haver trabalho qualitativo e estabilidade e simultaneamente segurança na família. Ou pode ser tido como pouco importante, pela sua inexistência e dispensabilidade (aposentação, por exemplo), por sobrecarga mútua da relação trabalho-família, por risco de imperfeição e probabilidade de acidentes laborais e perturbação da homeostase familiar, consoante o grau de importância atribuído.
O objectivo de o trabalho não interferir com a afectividade familiar, pode ser avaliado como importante, considerando que o afecto é essencial para o desenvolvimento humano pessoal necessário e útil. Ou pode ser calculado como pouco importante, desvalorizado ou esquecido, criando “longe e distância” entre as pessoas do agregado familiar e reflexos no trabalho, pela ausência, pela mistura de sensações e atos técnicos, ou pela incapacidade de realização pessoal e profissional.
A família não interceder ou alterar a produtividade do trabalho, pode ser reputado importante, por compreensão da função laboral, por respeito pela entidade patronal e / ou pelo familiar directo em desempenho, ou até por ser um reforço e estímulo. Ou pode ser sentido como pouco importante, por a família condicionar o labor quantitativo, por exercer pressão insustentável sobre o trabalhador, por idiossincrasia do próprio ou por exigências de apoio não disponível na unidade familiar.
Ser a origem de conflitos, quer no trabalho quer na família, pode ser importante, por determinar intromissão entre a relação laboral e a relação familiar sem fronteiras definidas ou cumpridas de parte a parte. Ou pode ser imaginado pouco importante, por se manter a estabilidade bilateral, pelo trabalho profissional compensatório e pelas funções familiares enquadradas e exercidas sem paradoxos.
Ser factor de equilíbrio, quer no trabalho quer na família, pode ser importante. para o tecido produtivo como para a família, em objectivos e resultados traçados e ganhos. Ou pode ser conjecturado pouco importante, por originar desequilíbrio pela saturação de múltiplas metas, por haver ausência de incentivos laborais, ou por haver incompreensão e desenraizamento familiar.
De todos estes factores que medeiam o trabalho e a família, os portugueses consideraram em estudo académico como mais importante que o trabalho não interfira com a afectividade familiar, havendo uma correlação entre a satisfação geral no trabalho e a realização pessoal.
Assim, a determinação do apgar (conjunto de critérios) laboral complementa o trabalho como satisfatório e útil, avalia o desempenho laboral, analisa o estado de saúde e bem-estar da pessoa, e classifica a família estável e equilibrada e a família instável.
(*) Médico