José Manuel Viegas 1989: “A sede da Associação Académica de Coimbra localizava-se no Piso Térreo do Colégio de São Paulo Eremita (Colégio dos Paulistas), na Rua Larga. No 1º andar estava instalado o Instituto de Coimbra, conhecido academicamente por Clube dos Lentes. A promessa da disponibilização destas instalações à AAEC encontrava-se por cumprir havia vários anos. Na madrugada do dia 25 de Novembro de 1920, uma quinta-feira, um grupo de 40 estudantes, liderados por Alfredo Fernando Martins (estudante de Direito), apoderou-se das instalações do Clube dos Lentes.
Para execução do plano, os estudantes organizaram-se em três grupos: o primeiro para tomar a Torre da Universidade, o segundo para o assalto ao Clube dos Lentes; o terceiro para defender-se das Instituições da AAC no R/Ch do Colégio dos Paulistas. Pelas 6h45m, o rebentamento de um morteiro, seguido do replicar dos sinos da Torre, anunciavam à Academia e à cidade o sucesso desta memorável conquista académica, que ficou conhecida pela Tomada da Bastilha.
Os principais obreiros, nunca é demais recordá-los, foram: Paulo Evaristo Alves, estudante de Direito e os estudantes de Medicina Augusto da Fonseca Júnior (Presidente da AAC à data), João Rocha e Pompeu Cardoso.
A informação da localização das novas instalações da sede da AAC foi oficialmente comunicada aos altos dignatários do país, Dr. António José de Almeida, Presidente da República, Dr. Álvaro de Castro, Presidente do Conselho e Dr. Júlio Dantas, Ministro da Instrução. Estes, desconhecendo o que se tinha realmente passado e acreditando que a mudança de instalações tinha sido efectuada com o conhecimento da Reitoria, apressaram-se a felicitar os estudantes e a desejar as maiores felicidades à Associação Académica de Coimbra.
O dia 25 de Novembro foi de enorme regozijo para a AAC, que ao cair da noite desceu à Baixa numa marcha luminosa que, com grande espírito de união, mobilizou milhares de cidadãos para festejar este grandioso feito.
A praxe passou a considerar o dia da Tomada da Bastilha como o dia de feriado académico. As comemorações e evocação do feito são efetuadas, anualmente, pela academia com a réplica do acto e docortejo dos archotes, mantendo viva a chama desta fundamental iniciativa, que tanto contribuiu para o crescimento e engrandecimento da AAC…”.
Como os nossos leitores já repararam, por vezes, limitamo-nos às partes textuais que se referem à Tomada da Bastilha. Não que os restantes conteúdos mereçam menos atenção. Nada disso. Há nacos de prosa que são autênticos pedaços de poesia, não em conjunto de versos rimados, mas em resmas de sentimentos pejadinhos de conteúdos sublimes e encantadores. São para outras ocasiões. Agora é preciso chegar a um importante consenso. Se possível, a tempo de celebrarmos, em todo o mundo o Dia do Antigo Estudante de Coimbra. Tenho a certeza incerta de que chegaremos a um acordo. É preciso acreditar em milagres.
(*) Ex-Presidente da AAEC