Aproxima-se o dia 27/11, data que a União de Freguesias de Souselas e Botão fixou para a comemoração da entrega do foral manuelino. A atmosfera não corre a favor, porém, há mais coisas contra. É o destino…
Recebi, há instantes, o convite que o Presidente Rui Soares enviou para algumas pessoas e instituições e afixou pela freguesia. Obviamente que me retirou da mail list (graças a Deus), pelo que foi pessoa amiga que mo enviou.
E em boa hora tive acesso a tal convite que em nada dignifica Botão. Vejamos porquê.
No escalonamento horário das actividades anuncia-se para as 11h30: «Recreação Teatral da entrega da Carta de Foral». Recreação!!!!??? Não quereriam antes escrever Recriação? Saberão porventura a diferença profunda entre tais termos?. Eu explico, amigos, recorrendo ao elementar dicionário: recreação significa recreio ou acto de se distrair com brincadeiras, enquanto recriar (a palavra que deveriam ter utilizado) significa o acto de criar outra vez, sinónimo de reconstituir, por exemplo, a entrega da Carta de Foral! Recrear e recriar são, na verdade, palavras parônimas, ou seja: escritas de forma parecida e pronunciados de forma parecida, mas os seus significados são diferentes.
Mais adiante, e a encerrar o convite, brilha o distico: «Respeitar o Passado, Viver o Presente e Preparar o Futuro». Deixando de lado um presente anedótico, bem como um futuro mais do que sombrio, centro-me no passado, pois nele fui envolvido. Respeitar o passado? Mas qual passado? O do tempo manuelino da concessão do foral? Aquele que tentam apagar e do qual fiz parte? Ou um passado imaginário, recreado ou recriado em fantasias fertéis, pela tripeça do costume: low profile, miguelinho e varredoura da cultura?
Pobre Botão! Que mal terás feito para andares entregue a um recreio escolar…
(*) Historiador e investigador