Declaração prévia de interesses: nasci em Viseu, onde tenho família directa, e dirijo o Departamento de Desenvolvimento Económico, Empreendedorismo, Competitividade e Investimento na Câmara Municipal de Coimbra.
A minha declaração prévia de interesses surge porque considero inacreditável todo o processo do IP3 que liga as cidades de Coimbra e Viseu.
Numa altura em que
Sabemos perfeitamente que se esta situação se verificasse em Lisboa ou Porto e até nalgumas cidades aqui bem próximas mas de grande influência política, toda esta situação já estaria resolvida com uma via com perfil de auto-estrada com ou sem portagens. Veja-se os casos bem próximos da duplicação da A1 com a A17/A8, com a A13 ou com a A23 e tantas outras que fazem a ligação entre cidades, sendo claramente deficitárias na sua exploração, cujos impostos das empresas e dos cidadãos servem para o reequilíbrio financeiro. Não se entende como é que uma via como o IP3, que tem tudo para ser uma via autossustentável, não é objecto de decisão imediata de intervenção, eventualmente com portagens e que será, com toda a certeza, sustentável do ponto de vista financeiro. Este é apenas um dos factores, porque, quando se fala de coesão nacional, de reequilíbrio do país por conta do investimento, devemos olhar para este caso, como um atentado aos territórios aqui envolvidos.
Fazem muito bem todos os autarcas que se estão a envolver na denúncia clara de uma actuação discriminatória dos sucessivos governos que não olharam nem olham para este crime diário. A começar pelo Doutor Santana Lopes e pelo Professor Doutor José Manuel Silva bem como todos os outros que dentro da região e fora dela se indignam com a situação.
A propósito destas situações, os municípios cuja influência do IP3 se manifesta são claramente prejudicados no seu desenvolvimento económico e social. Muitas vezes a diferença entre territórios faz-se por detalhes como este. Veja-se o caso de Coimbra: estamos numa fase excelente de procura em termos de empresas e pessoas. Para além de existir uma acentuada instalação de novas empresas e reestruturação de outras existentes com o redimensionamento em termos de instalações e recursos humanos, o regresso de uma quantidade enorme de famílias que tiveram de sair para procurar oportunidades noutras paragens, também está a acontecer. Isto acontece porque a percepção sobre Coimbra e o seu ecossistema empresarial está a mudar e a gerar oportunidades de emprego qualificado e não qualificado.
O Coimbra Invest Summit foi um caso exemplar de afirmação de Coimbra e do seu ecossistema institucional e empresarial. Os números falam por si: cerca de 600 participantes, 152 empresas homenageadas, 44 empresas e instituições na Mostra, 47 projectos de Investigação, 40 oradores e 2 Keynote Speakers são o exemplo do que estamos a falar e todo este potencial não pode ser desperdiçado.
A competitividade dos territórios mede-se por vários factores, mas as acessibilidades são um factor crítico. Hoje perante a competitividade no mundo, com outras localizações, os investidores são muito minuciosos nas suas escolhas e Coimbra tem tudo para se afirmar como primeiro destino de um conjunto vasto de investimentos, não podemos é ser prejudicados por influência daqueles que deveriam ter a isenção de fazer com que o país se desenvolva com qualidade e homogeneidade. Temos talento, temos infraestruturas, temos instituições credíveis e alinhadas nos objectivos, não podemos permitir que esta competitividade seja diminuída por acção daqueles que não fazem o que deve ser feito e o caso da reconversão do IP3 em via estruturante com condições dignas de ligação entre 2 centros urbanos de enormíssima importância na região tem de ser uma prioridade inequívoca para todos! Como é expresso na canção da Marisa Liz: Juntos Somos Mais Fortes!
(*) Doutorando e Investigador na Universidade de Coimbra no Programa Doutoral de Sistemas de Transporte