Chegados onde estamos, que fazer?
Temos de “zarpar” numa viagem dorida e começar um novo caminho.
Nele, só juntos podemos chegar a bom porto, caldeando os sonhos com a realidade, pura e dura, com que chocámos e que nos deixou atordoados.
Há que ter “rins” para lidar com esta nova ordem do euro/dólar no futebol e aceitar que batemos no fundo, criando um problema que, para nós, já vem do longe, pensando, até, com realismo, que somos e seremos cada vez menos, se não atalharmos caminho.
É que neste tempo, que, entretanto, foi passando, não soubemos deixar o velho do Restelo a gemer na praia e seguir viagem à procura de “novos mundos”, como diria Torga. Pelo contrário, em muitas circunstâncias redobramos as nossas “certezas e convicções”, que nos acompanharam até aqui!
Contudo, nos tempos que correm, ninguém pode esperar soluções mágicas, porque cada vez mais, o futebol e seus mentores continuam vivos e actuantes, onde tudo está, de régua e esquadro, refém do dinheiro “cego”, que o futebol pode gerar para os investidores, engrossando os devotos desta nova Ordem, que a FIFA e a UEFA regam e acarinham com redobrado desvelo. São os novos tempos, onde o futuro está a ser moldado por estas novas realidades.
Olho à minha volta e para tudo o que nos está a acontecer e começo a cochichar com os meus botões, que a mente tem que estar aberta a novas abordagens para podermos sair deste pesadelo onde nos metemos.
Estou certo que vai haver janelas de tempo para se pensar nos aspectos organizativos da Instituição e, naturalmente, acerca das estruturas financeiras, do planeamento e da gestão, em função do fôlego que seja possível dar em cada uma das épocas, que nos esperam.
Contudo, os nossos “argumentos”, que antes foram caibros da Instituição, verdadeira Mátria de uma invulgar dimensão sócio-desportiva, factor, até, de enorme atractividade por serem suporte de um futuro que nos unia, já não chegam para horizontalizar o diálogo com os parceiros de nova Ordem do e no Futebol.
Há muito para fazer e dizer, tanto que não cabem nos 1.500 caracteres, que tenho para gerir. Mas náo resito a evidenciar, ainda, que nesta viagem, que temos de começar, gostaria de estar acompanhado de jogadores superlativamente exigentes com eles próprios, com um treinador capaz de ver melhor para lá da curva, com directores a saber nadar, mesmo em águas “cinzentas” e com critérios mais exigentes nas contratações; mas, também, humildemente disponíveis para uma flexibilidade capaz de concretizar uma estreita “parceria” com cérebros da nossa academia, impulsionadores de boas e fundadas decisões concretizadoras de medidas de largo alcance!
E, como os últimos são os primeiros, também gostava de ver a maioria dos sócios (onde me incluo), capazes de serem mais exigentes com quem nos governa (e dá tudo que pode, acredito, embora náo chegue), a não fecharem os olhos à realidade académica, que os cerca, reclamando bom senso, lucidez e pro-actividade na “Governação” do que sobeja da outrora orgulhosa casa.
É que ela precisa de acreditar na sua própria Ressurreição, mesmo que seja preciso tentar e recomeçar ao longo da caminhada, porque todos sabemos que esta herança não é boa e será preciso muita entrega, imaginação e criatividade para a arrumar.
Sobretudo, acreditar que talvez se possa, ainda, encontrar um sentido feliz à nossa secular História académica.
Muitos, duvidam, porém!
Outros, ainda esperam para ver!
Mas para os indefectíveis, como eu, a Académica faz parte das suas eternidades e vai estar colada, como se fosse a sua própria sombra, num enlevo sem fim.
É que, na “recta final”, eu não quero sacrificar aquilo que deu tanto sentido à minha mocidade, cheia de encantamento, pendurada nesse emblema, mágico símbolo losangular, verdadeiro farol de um tempo cheio de entusiasmantes e meladas ilusões, que me ensinaram a ver mais mundo para além do Calhabé e da praxe.
Académica, Sempre!
(*) Ex-estudante-atleta (AAC/OAF-CAC – 1965/1979), director e presidente do Núcleo dos Veteranos da AAC/OAF