Escolher um primeiro-ministro, ou votar para um Parlamento onde a correlação de forças determinará que Governo será formado. A opção é colocada ao eleitor conforme a perspectiva da força política: tem condições para ganhar, ou para integrar possíveis acordos.
Para a eleição dos 230 deputados da Assembleia da República as forças políticas estão, umas, a pugnar pela formação de uma maioria de esquerda, outras de direita. A divisão só pode ser ideológica, porque somos todos portugueses, se bem que muitas vezes há aqueles de “primeira” e os de “segunda”.
A conquista do poder não pode servir para satisfazer o umbigo, mas para exercer uma actividade pública ao serviço de todos. Tirando os floreados típicos da época, nesta campanha eleitoral até se tem notado a apresentação e o confronto de propostas, desejando-se que seja saudável para a aplicação de política concretas.
Pode-se fugir para o debate da revisão da Constituição, para o avanço (ou não) do processo da regionalização, de um maior ou menor centralismo, mas é bom não esquecer a realidade. E esta semana os dados do INE vieram mostrar que o risco de pobreza aumentou, atingindo quase 2 milhões de pessoas e com subidas maiores entre mulheres e idosos, mas também nas famílias.
No que diz respeito aos idosos, o relatório “Portugal, Balanço Social” aponta que a taxa de risco de pobreza de 17,5% é 2,3 pontos percentuais acima da média nacional. Quer isto dizer que, em 2019, 381 mil idosos eram pobres e que o pagamento de pensões reduz a taxa de risco de pobreza deste segmento da população, significativamente, para 20%.
Os números são conhecidos e traduzem a realidade, pelo que não vale a pena andar com “folclore” eleitoral e esquecer os que nem dinheiro têm para o transporte e ir votar.