Desde há um ano que a zona de Cabo Delgado, a norte de Moçambique, está a sofrer com ataques armados de grupos jihadistas que se dizem do Estado Islâmico, ou de milícias do grupo radical islâmico Al-Shabaab. Seja o que for, são bandidos.
Enquanto o mundo está focado na covid-19, com cada país a ver quem consegue mais vacinas, a crise de Cabo Delgado cresceu e foi menosprezada. Segundo a organização humanitária “Save the Children”, quase um milhão de pessoas enfrenta fome severa, como resultado directo da onda de deslocados provocada pelo conflito armado na região. E como reflexo da pirâmide etária do país, cerca de metade das pessoas afectadas pela violência são menores de 18 anos, presenciando muitas vezes morte e destruição e sendo elas próprias alvo das partes em conflito.
Constata-se o total desrespeito por leis humanitárias internacionais e de direitos humanos, porque quem assassina são foras da lei. Os relatos de ataques a crianças – e até decapitação – levam às lágrimas quem ouve as histórias de sofrimento contadas por mães.
Já há um ano, em tempo de Páscoa, a bispo de Pemba disse que o mundo não tem ideia do que se estava a acontecer em Moçambique, por causa da indiferença e porque parece que já nos acostumámos a guerras.
Onde está, agora, a vontade imensa de combater os grupos radicais? Onde está a ONU, presidida por um português, e cuja situação até envolve um países da nossa língua. Onde está a presidência portuguesa a União Europeia? Está tudo a vacinar-se…