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Semanário no Papel - Diário Online

 

Luís Santos

Ângulo Inverso: Carências à Beira do Interior

14 de Fevereiro 2020

Casas das Beiras

Os estudos revelam dados que confirmam o que já se desconfiava, ou põe para fora o que estava debaixo do tapete.

Vem isto a propósito de um trabalho desenvolvido pelo Instituto Politécnico da Guarda (IPG) que demonstra que cerca de um terço dos habitantes das Beiras e Serra da Estrela vive em “condições indignas” e em situação de “grave carência habitacional”.

As famílias que vivem situações de grave carência habitacional na região das Beiras e Serra da Estrela ultrapassam os 30 por cento, um número maior do que imaginavam os próprios autores do estudo, a Unidade de Investigação do Desenvolvimento do Interior, os quais se declaram surpreendidos com tantas pessoas a viverem em situações precárias.

Ainda bem que o IPG está a fazer um diagnóstico à forma como as pessoas vivem e a criar soluções habitacionais, porque assim põe em evidência uma realidade que tem sido (propositadamente) esquecida, para que os dinheiros públicos fiquem em zonas mais ricas e têm meios para os consumir.

E não se pense que este foi um estudo teórico, dado que resultou de visitas porta-a-porta a famílias que vivem tanto em zonas rurais, como em zonas urbanas deste Interior da região Centro.

O curioso é que a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) veio declarar que os autarcas “não podem aceitar” as conclusões do referido estudo e “manifestam a sua indignação face à notícia em causa por constituir ‘informação’ errónea e sensacionalista”.

Calcula a CIM-BSE que “nas análises efectuadas, os investigadores tenham tomado por habitação qualquer edifício degradado que tenha, em tempos, sido destinado a habitação, para terem chegado ao elevado nível de habitação degradada que enunciaram e publicitaram”.

Como se diz, em casa onde não há pão…