Cada um e cada uma tem um conceito de sociedade (que em sociologia significa associação), que se une por objectivos comuns, ou que se divide por interesses próprios, da qual se servem para conquistar o céu e a terra, ou a qual servem contribuindo para melhorar a qualidade de vida, reduzir a desigualdade ou ser benemérito.
A sociedade pode ser interpretada pelo grau de importância assumido, quanto ao que cada um faz ou poderia fazer em seu (dela) favor, quanto à caracterização do voluntariado, quanto à motivação e preocupações sociais do cidadão, quanto aos tipos de organizações, instituições e associações existentes, e quanto ao contributo da sociedade para si próprio.
Analisemos o que o cidadão pode (quer ou não quer), fazer em favor da sociedade em acção cívica, ou não faz, centrado no seu ego e conviventes.
Ser dirigente associativo, ser líder de grupo ou ser mobilizador de causas, pode ser considerado importante, por haver convicção ideológica e capacidade de direcção, por ter integração no meio e interesse paralelo, ou por ter usufruto de benesses e prebendas. Ou pode ser julgado pouco importante, por haver inapetência e inadequação do perfil individual, pelo desinteresse em intervencionismo e obras, ou por ter baixa autoimagem e autoestima.
Ser activista, ter intervenção comunitária ou agir individualmente, pode ser olhado como importante, por ter gosto e incentivo pessoal, por haver boa interação com a comunidade, ou por querer actuar particularmente sem suporte organizado. Ou pode ser apontado como pouco importante, pelo sentido de preferência ao lazer, por inibição de integração no meio social, ou por ter outras prioridades pessoais ou familiares.
Ser solidário com causas, princípios e valores da comunidade, pode ser encarado como importante, por haver um desejo de acção e incentivo de vida, por se sentir bem consigo próprio nessa prática, por ter educação e formação de proximidade sem egoísmo, ou por se sentir útil à sociedade. Ou pode ser avaliado como pouco importante, pela concepção materialista do mundo, pelo gasto de tempo e recursos “desperdiçados”, pelo desenraizamento e desinserção social.
Apoiar iniciativas de grupos sem se envolver demasiado, pode ser tido como importante, como linha orientadora e relativa, por interceder em sensibilização-acção quanto baste, por acumulação de cargos e funções exaustivos, ou por motivação específica para uma determinada acção específica. Ou pode ser classificado como pouco importante, pelo desconhecimento da realidade, factos e acontecimentos locais e universais, por dar prioridade aos objectivos pessoais e da família, ou por ser introvertido e pouco sociável.
Ignorar os movimentos de opinião e acção social, pode ser assumido como importante, por ausência de ideias e ideais (sem projecção, modelos, exigências morais ou da razão), por antecedentes traumáticos de insucesso, ou por egocentrismo exacerbado. Ou pode ser reputado como pouco importante, por não o dever fazer, pela consciência do ser, por integração comunitária, ou por valorizar a vida colectiva.
A sociedade não é um mundo cruel, satânico, sem regras e sem lei, que deva levar à tristeza e desolação. Mas também não é um mundo cor-de-rosa, cheia de gente bonita, prazerosa(?), de diversão fácil e compromisso difícil. A sociedade é cooperação, acessibilidade, responsabilidade, utilidade e sustentabilidade.
(*) Médico