Durante uma reunião, realizada esta terça-feira (09), a Dra. Graça Fachada Dias, disse que “a Fundação ADFP disponibiliza o Hospital Compaixão de Miranda do Corvo para cooperar com o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, acrescentando que este “pode e deve ser um aliado estratégico”.
Segundo Graça Dias, “em 2020 o SNS realizou menos 10 milhões de consultas, menos 127 000 cirurgias, os rastreios oncológicos foram suspensos, com menos 170 000 mamografias, menos dezenas de milhares de citologias do colo do útero e menos 125 000 rastreios ao cancro do cólon e recto”.
“Temos de salvar as vidas dos doentes crónicos e trabalhar para uma melhor qualidade de vida. Na oncologia e muitas doenças, o adiamento de tratamentos corta anos de vida e aumenta o sofrimento dos doentes”, sublinhou.
O Governo, defendeu que a dirigente da Fundação, “deve mobilizar todos os recursos existentes no país (públicos, privados lucrativos e particulares sem fins lucrativos) para recuperar as listas de espera e impedir mortes e sofrimento excessivo nos doentes por falta de cuidados atempados de saúde.”
Para esta dirigente “a Fundação aceita assinar acordo de cooperação para combater as listas de espera nas cirurgias, consultas de especialidade e na realização de rastreios oncológicos e de exames complementares de diagnóstico.”
De acordo com Graça Fachada Dias “estes acordos de cooperação do Governo com as IPSS assentam num desconto de 10% para o Estado relativamente ao valor de mercado”. Ou seja, “o Estado poupa 10% ou, se quisermos, trata 10 pessoas e só paga nove”, pelo que não compreende porque a Administração Regional de Saúde (ARS) “insiste em não poupar”. Terminou afirmando não aceitar que um doente que precisa de “um TAC, uma mamografia, um RX ou outro exame complementar de diagnóstico tenha de ir a Coimbra para o Estado lhe pagar o exame”.
Já a Dra. Isabel Desidério esclareceu que “o Dr. Jaime Ramos não é dono do Hospital, nem manda sozinho na Fundação. O Hospital é um projecto colectivo, sem fins lucrativos, de grande interesse para as pessoas de Miranda e concelhos limítrofes.”
Para esta dirigente “não há no país, para além deste, nenhum hospital de uma IPSS que não tenha acordo de cooperação para realização de cirurgias, consultas médicas, exames complementares de diagnóstico e contrato de cuidados continuados.”
“O objectivo da Fundação não é fazer negócio com a saúde. Se fosse essa a intenção teríamos construído o Hospital numa grande cidade e não em um dos três concelhos mais pobres da CIM de Coimbra. O Hospital foi construído para melhorar a qualidade de vida no Pinhal Interior”, acrescentou a mesma dirigente.
De acordo com a Dra. Isabel Desidério “o Hospital pode criar cerca de 100 postos de trabalho e contribuir para a coesão social do território”.
“Perante a evidente falta de camas de cuidados Continuados de Convalescença no Pinhal Interior, a Fundação aceita assinar contrato de 40 camas com as condições iguais às que o Governo tem praticado com as outras organizações a nível nacional” afirmou a dirigente, disse a Dra., acrescentando que “notícias repetidas revelam que o CHUC tem internamentos prolongados, após a cura clínica, devido à falta de camas de cuidados continuados e de reabilitação. Não percebemos porque a ARS continua a recusar a criação destas camas.”
Para Isabel Desidério “a Fundação abre o Hospital apenas a ARS assine o contrato para as camas de cuidados continuados ou o acordo de cooperação para as cirurgias, consultas, exames complementares de diagnóstico” e garantiu que nunca no país abriu uma Unidade de Cuidados Continuados sem o Estado assinar previamente o contrato.
Ambas as dirigentes referiram que não aceitam que a ARS não dê às pessoas de Miranda as mesmas condições que o Estado concede as IPSS de Anadia, Ansião, Mealhada e Oliveira do Hospital.
Coube a Carlos Filipe Fernandes, indigitado administrador do Hospital dar múltiplos dados técnicos e demográficos a justificar a existência do Hospital tendo garantido que o equipamento possui todas a licenças necessárias.
O futuro administrador assumiu que há director clínico nomeado bem como chefe de enfermagem disponíveis para colocar o Hospital a funcionar quando o Governo quiser. A este propósito o Dr. Carlos Filipe Fernandes recordou que a Fundação ADFP tem quase 500 residentes e um número superior de colaboradores, “números que só por si mostram uma instituição capaz de assumir responsabilidades e garantir capacidade para gerir o Hospital em igualdade de condições com as outras IPSS”.
Segundo o administrador “o Hospital reúne todas as condições técnicas, está muito bem equipado com material de última geração e possui todas as licenças necessárias ao funcionamento” e acrescentou que há muitas equipas médicas, de diferentes especialidades cirúrgicas, disponíveis para trabalhar no Hospital de Miranda e motivadas no imediato para ajudar o SNS a recuperar as listas de espera.
“Não queremos guerras com ninguém. Queremos a paz entre organizações. Queremos acordos de parceria entre o Hospital e a Fundação e a ARS e o Governo”, disse Isabel Desidério.
Segundo esta dirigente a Fundação “quer ajudar a um futuro melhor com melhor saúde para todos.”
José Palrinhas, vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação renovou o apelo à ARS e ao Governo, para conceder os protocolos de cooperação com a Fundação/Hospital.