Algumas famílias estão a recorrer ao teletrabalho como solução para cuidar dos seus filhos devido à falta de vagas nas creches, revelou a presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Mariana Carvalho.
“Muitas famílias não conseguiram encontrar lugar para os seus filhos”, afirmou Mariana Carvalho, acrescentando que a Confederação tem recebido vários relatos de pais que não conseguiram assegurar uma vaga em creches.
A escassez de vagas tem sido um dos principais desafios enfrentados pelas famílias, resultante da medida de gratuitidade das creches no sector social e solidário, implementada desde o ano anterior. Esta situação levou o Governo a antecipar a activação da oferta suplementar da rede de creches lucrativas, uma vez que, em Julho, já não existiam vagas disponíveis em alguns municípios.
“Apercebemo-nos de que alguns pais solicitaram a opção de teletrabalho exactamente porque não conseguiram garantir uma vaga nas creches”, explicou Mariana Carvalho. De acordo com a presidente da Confap, o trabalho remoto, que se popularizou durante a pandemia, tornou-se agora uma alternativa para os pais que também não contam com o apoio de outros membros da família, como os avós.
Para além das creches, Mariana Carvalho observou que existe também uma maior procura no pré-escolar este ano, no entanto, a oferta não consegue dar resposta a essa procura crescente. Uma vez que o pré-escolar não é ainda obrigatório, algumas crianças estão a ficar sem lugar.
No que diz respeito às creches, o Governo anunciou em Julho uma série de “mecanismos especiais” com o objectivo de um “rápido aumento de capacidade”, incluindo o aumento do número de lugares disponíveis em cada sala (mais dois lugares nas salas de 1 e 2 anos), o que resultará num reforço de cinco a seis mil vagas.
Adicionalmente, as creches terão a oportunidade de converter espaços desocupados em novas salas, permitindo a criação de cerca de mais 1.500 lugares, de acordo com as estimativas do Governo.
Além do sector social, também foi antecipada a activação da oferta suplementar da rede de creches lucrativas, com as quais o Governo já estabeleceu protocolos para cerca de sete mil vagas.