Um indivíduo, acusado de burla qualificada, ameaçou de morte, hoje, no Tribunal de Coimbra, uma co-arguida e antiga companheira.
Embora haja optado pelo silêncio, Paulo Manuel foi rebatendo afirmações da co-arguida, até que Liliana Maria, a chorar, disse que ele a ameaçara, em plena sala de audiências.
A magistrada judicial que preside ao colectivo de juízes, apesar de indicar não ter ouvido proferir a ameaça, advertiu Paulo Manuel, perante a opção pelo silêncio, que o poria fora da sala se ele continuasse a rebater afirmações de Liliana Maria.
Outra ex-companheira do indivíduo, Sofia Raquel, que se encontra detida, é igualmente co-arguida.
Em reclusão há 12 anos e meio, Paulo Manuel está acusado, pelo Ministério Público, de burla qualificada, em co-autoria, burla na forma tentada, falsificação de documento e uso de bilhete de identidade alheio.
As arguidas, que se demarcaram do esquema supostamente engendrado pelo presidiário, estão acusadas de co-autoria de um crime de burla qualificada, que consistiu na alegada extorsão de 5 000 euros a outro homem.
Paulo Manuel, 47 anos de idade, encontra-se sob suspeita de, através de cartas, se haver feito passar por oficial de Justiça e funcionário do Ministério Público. Presume-se que ele prometeu a duas pessoas, presas preventivamente, ajuda para alteração das respectivas situações processuais, a troco de dinheiro.
Liliana Maria, tida como interveniente em tentativa de burlar Francisco Canas – recentemente falecido, que era um dos principais arguidos do processo ‘Monte Branco’, por suposto branqueamento de capitais – confirmou haver recebido cartas de Paulo Manuel quando o visitava na prisão, para as expedir, mas alegou desconhecer o teor das missivas.
Em carta dirigida a Francisco Canas, Paulo Manuel apresentou-se como oficial de justiça e pai de uma hipotética funcionária lisboeta do Tribunal de Execução de Penas; na missiva, dizia possuir influência para alterar a mais severa das medidas de coacção, prisão preventiva, para detenção no domicílio.
“Caí aqui de pára-quedas”, disse, por sua vez, Sofia Raquel, que foi companheira do co-arguido entre 2004 e 2011.
Ao indicar não ter contacto com o réu há perto de seis anos, a antiga companheira negou haver estado, em 2014, num hospital do Porto, para receber 5 000 euros presumivelmente entregues por uma irmã de uma das duas alegadas vítimas de Paulo Manuel.