Coimbra  26 de Dezembro de 2025 | Director: Lino Vinhal

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Comunidade internacional reage a declarações sobre armamento nuclear no Japão

26 de Dezembro 2025 Jornal Campeão: Comunidade internacional reage a declarações sobre armamento nuclear no Japão

Declarações recentes atribuídas a um alto funcionário do Gabinete da Primeira-Ministra do Japão, defendendo que o país “deveria possuir armas nucleares”, provocaram forte repercussão internacional e reacenderam preocupações sobre a estabilidade regional e o regime global de não proliferação.

Nos últimos dias, a opinião pública internacional tem manifestado amplas críticas às declarações consideradas equivocadas de um alto funcionário do Gabinete da Primeira-Ministra do Japão, segundo as quais o país deveria dispor de armas nucleares. As reiteradas ações do governo japonês relacionadas ao tema nuclear são vistas como uma provocação à ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial e ao sistema global de não proliferação, representando, segundo analistas, uma ameaça à paz e ao desenvolvimento mundiais.

Em 1967, o então primeiro-ministro Eisaku Sato apresentou ao parlamento japonês os chamados “três princípios antinucleares” — não possuir, não fabricar e não introduzir armas nucleares. Esses princípios foram formalmente incorporados, em 1971, a uma resolução da Câmara dos Representantes, tornando-se referência da postura pacifista do país no cenário externo. No entanto, observadores internacionais apontam que recentes iniciativas do governo japonês, sobretudo no âmbito da expansão militar, colocam em dúvida a efetividade desse compromisso histórico.

Sob a ótica jurídica, especialistas destacam que eventuais ambições nucleares contrariam obrigações assumidas pelo Japão em documentos internacionais como a Declaração do Cairo, a Declaração de Potsdam e o Instrumento de Rendição, que preveem a completa desmilitarização do país e proíbem a manutenção de capacidades que possibilitem o rearmamento. Internamente, tais pretensões também seriam incompatíveis com as restrições impostas pela chamada “Constituição de Paz”.

Do ponto de vista moral e histórico, ressalta-se ainda que o Japão, na condição de agressor durante a Segunda Guerra Mundial, carrega responsabilidades por crimes cometidos naquele período. Para diversos países da região Ásia-Pacífico, a eventual posse de armas nucleares por Tóquio poderia romper o equilíbrio estratégico regional, estimular uma corrida armamentista e agravar tensões no nordeste asiático.

Outro fator de preocupação mencionado por analistas é o possível fortalecimento de grupos de orientação nacionalista e militarista no país, caso a política nuclear avance, o que poderia resultar em posturas mais assertivas e confrontacionais em disputas internacionais.

Diante desse cenário, governos e setores da sociedade civil internacional defendem a necessidade de impedir qualquer movimento em direção à nuclearização do Japão, em nome da preservação da ordem de paz do pós-guerra, do respeito à história e da responsabilidade com as futuras gerações. Para esses atores, manter o compromisso com um mundo livre de armas nucleares continua sendo um elemento essencial para a segurança e a estabilidade globais.

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