A eleição da Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Ana Abrunhosa, para Vice-Presidente do Conselho Directivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses não é um mero episódio de calendário institucional. É um sinal político com leitura nacional e implicações concretas para a forma como o território se pensa, se governa e se articula.
Num país marcado por assimetrias persistentes, onde a coesão territorial é frequentemente evocada mas nem sempre praticada, esta eleição traz para a liderança da ANMP uma experiência que combina conhecimento técnico, vivência governativa e exercício autárquico no terreno. Uma experiência que não se construiu à distância dos problemas, mas em contacto direto com a complexidade real dos municípios, das populações e dos serviços públicos locais.
A coesão territorial não se faz apenas por redistribuição de recursos ou por instrumentos financeiros. Faz-se, sobretudo, por capacidade de leitura integrada do território, por compreensão das diferenças entre contextos urbanos, periurbanos e rurais, e por uma articulação inteligente entre políticas públicas, escalas administrativas e níveis de decisão. É aqui que o percurso da Presidente da Câmara Municipal de Coimbra ganha particular relevância.
Coimbra é um município com múltiplas camadas. É cidade, mas é também concelho; é centralidade, mas também periferia; é conhecimento e inovação, mas igualmente território com desafios sociais, demográficos e de mobilidade muito concretos. Governar Coimbra exige, por isso, uma visão que não se esgota na lógica urbana nem se fecha numa leitura administrativa do território. Exige equilíbrio, capacidade de compromisso e sentido estratégico. Essa experiência, acumulada e consolidada, é agora colocada ao serviço do conjunto dos municípios portugueses.
A Associação Nacional de Municípios Portugueses tem um papel determinante na construção de posições comuns, na defesa do poder local e na afirmação de uma governação de proximidade. Ter na sua liderança alguém com profundo conhecimento das dinâmicas territoriais, dos mecanismos de financiamento, da relação entre Estado central e autarquias e da importância da cooperação intermunicipal é um ativo relevante para o presente e para o futuro.
Para Coimbra, esta eleição representa também um reforço do seu papel enquanto território que pensa para além das suas fronteiras administrativas. Um município que não se posiciona apenas como beneficiário de políticas públicas, mas como agente ativo na sua construção, assumindo responsabilidades e contribuindo para soluções partilhadas. Coimbra afirma-se, assim, como espaço de convergência, de diálogo e de construção coletiva.
Num tempo em que os municípios enfrentam desafios cada vez mais exigentes – da transição climática à pressão sobre os serviços públicos, da mobilidade à habitação, da inclusão social à sustentabilidade financeira – a experiência conta. Conta o conhecimento acumulado, conta a capacidade de negociação, conta a visão estratégica e conta, sobretudo, a capacidade de transformar complexidade em decisão.
A eleição da Presidente da Câmara Municipal de Coimbra para a Vice-Presidência da ANMP deve ser lida à luz desta exigência. Não como um ponto de chegada, mas como um ponto de responsabilidade acrescida. Uma responsabilidade que se traduz na defesa de um país mais equilibrado, mais cooperante e mais consciente de que a coesão territorial não se decreta: constrói-se, com trabalho, com experiência e com visão de futuro.
(*) Economista