Coimbra  22 de Dezembro de 2025 | Director: Lino Vinhal

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Rui Avelar

Metrobus: mais vale tarde…

19 de Dezembro 2025

O arranque, esta semana, das viagens do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) entre Coimbra e Serpins (Lousã) está em linha com um eixo da sabedoria popular, segundo o qual “mais vale tarde do que nunca”.

A criação da sociedade Metro Mondego ocorreu em 1996, na vigência do primeiro Governo de António Guterres, mas o outrora governador civil de Coimbra Jaime Ramos, que tinha liderado a Câmara Municipal de Miranda do Corvo, já defendia, há mais de 30 anos, a electrificação do Ramal ferroviário da Lousã.

Entre percalços e vicissitudes, o projecto do SMM, cujo funcionamento assenta no figurino de autocarros eléctricos, é uma inegável mais-valia para os concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã.

Enquanto antigo utente do Ramal e jornalista, sinto o dever de felicitar as pessoas com desempenhos decisivos para a conclusão da obra: alguns governantes, alguns autarcas e alguns gestores.

A par da dimensão visionária que Jaime Ramos emprestou a este dossiê (tal como a outros), merecem realce, por exemplo, o ex-líder do Município lousanense Fernando Carvalho (1999-2011) e a antiga presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro Ana Abrunhosa (2014-2019).

Meses antes de ascender à chefia do Governo, em 2015, António Costa alertou os líderes dos municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã para a probabilidade de o SMM nunca se concretizar se não usufruísse de fundos provenientes da União Europeia.

Por estranho que possa parecer, só sob a liderança de Ana Abrunhosa na CCDRC, em 2018 (um ano antes de ela ingressar no segundo Governo de António Costa), é que o Metrobus foi incluído na reprogramação do Programa Centro / 2020.

Para que o SMM sirva Serpins, foi decisivo o papel do antigo autarca lousanense Fernando Carvalho. Ele não vacilou a enfrentar o outrora primeiro-ministro José Sócrates, cujo segundo Governo desmantelou o Ramal, nem deixou de agir, uns anos antes, quando sentiu estar em risco parte do itinerário no concelho da Lousã.

O centenário Ramal ferroviário ficou aquém de Arganil (o que é lamentável). Ainda bem que o SMM chega a Serpins. Coimbra tem mais encanto quando se abre aos concelhos vizinhos.

(*) Jornalista