O projecto “Confia – Fazer da Inclusão uma Arte”, apresentado em Coimbra, pretende integrar músicos profissionais, crianças e jovens em situação de acolhimento, comunidades migrantes e pessoas com deficiência, numa abordagem inovadora de transformação social e colectiva.
“A arte constrói pontes, é uma poderosa agente de transformação social e colectiva, na construção de uma sociedade melhor, onde o respeito pelo outro, o direito de inclusão, é um direito e não um favor”, disse Emília Martins, presidente da associação Orquestra Clássica do Centro (OCC), entidade promotora do projecto.
A dirigente associativa acrescentou que o projecto, inspirado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, entende a cultura “não só como um direito fundamental, mas também como ferramenta poderosa e essencial para o exercício pleno da cidadania, destacando o papel transformador das artes em cada indivíduo e nas comunidades onde se inserem”.
Já Ana Cristina Almeida, professora da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Coimbra, que integra a coordenação do projecto, revelou que “a efectiva inclusão resultará de forma evidente em partilhas improváveis e participação em novos contextos, em eventos públicos, performances em grupos parciais, que culminarão num grande espetáculo/concerto com todos” os participantes.
“Aguardamos, expectantes, pelas respostas, e que essas mostrem um resultado alinhado com o propósito deste projecto e, portanto, alinhadas pelos direitos de todas as pessoas”, argumentou a docente universitária.
Por seu turno, a procuradora da República, Ana Simões, também parceira do projecto, alegou que este “promove a igualdade de direitos entre todas as pessoas, sem excepção”.
Formação musical e de artes plásticas, passando por espaços de criação artística, entre outras iniciativas, serão algumas das atividades que o “Confia – Fazer da Inclusão uma Arte” quer concretizar.
O projecto prevê a participação de cerca de 80 crianças e jovens e culminará num grande concerto a realizar em meados de Junho de 2026, com a participação da Orquestra Clássica do Centro.
A gravação de um CD da OCC com o grupo musical “Os 5ª Punkada”, da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, bem como acções de participação conjunta, envolvendo crianças, jovens e adultos (em situação de vulnerabilidade) em atividades de música, pintura ou jogos são outros objectivos.
Para além da OCC, integram o projecto diversas associações e estruturas de acolhimento residencial, entidades ligadas às comunidades ucraniana, guineense e cabo-verdiana, com a colaboração de outros organismos como o Ministério Público, Tribunal da Relação de Coimbra, Museu Nacional Machado de Castro e da Plataforma PAJE – Apoio a Jovens (Ex-) Acolhidos.
Foi inaugurada a exposição “…em Construção”, que será montada ao longo do projecto, até Junho de 2026 e, paralelamente, serão desenvolvidas tertúlias dirigidas àqueles cujas condições de vida não facilitam o acesso à arte e cultura.
Estes encontros entre especialistas, tutores e participantes,“procurarão clarificar e ilustrar casos de condições específicas, bem como apresentar desafios e oportunidades nas artes”, referiu a dirigente da OCC, estando a primeira reunião agendada para 16 de Janeiro de 2026, no Palácio da Justiça, em Coimbra.