Antes desta grande noite de entrega de prémios do Festival Caminhos do Cinema Português ainda há filmes para ver.
No Teatro Académico de Gil Vicente, o dia começa às 14h30 com uma sessão de curtas da Seleção Caminhos: «Sequencial», de Bruno Caetano, e a estreia mundial de «Seta», de Francisco Botelho. A nova animação de Bruno Caetano apresenta uma fusão envolvente de stop motion e 2D que acompanha um jovem numa sucessão de acontecimentos que o empurram para o confronto com os seus medos, fragilidades e possibilidades de mudança. Uma história de crescimento, coragem e transformação interior – tão visual quanto emocional.
Uma das estreias mundiais no Caminhos acontece com «Seta», apresentada pelo realizador Francisco Botelho na presença da atriz Leonor Silveira e da produtora Maria João Mayer. A curta acompanha uma atriz de meia-idade, desempregada, que regressa à casa da infância e revisita as memórias que moldaram a sua identidade artística e pessoal – numa narrativa íntima sobre perda, reconstrução e o peso dos papéis que vestimos ao longo da vida. «Fiquei intrigado com a ideia de uma reconfiguração pessoal como resposta adaptativa à pressão exterior – como uma roupa imposta que a protagonista vestiria até se desgastar», declara Francisco Botelho sobre o seu filme.
As últimas exibições de filmes da Seleção Caminhos no TAGV, acontecem às 16h00: «Cão Sozinho», de Marta Reis Andrade, e, em ante-estreia, «As Estações», de Maureen Fazendeiro. Inspirada numa história real, «Cão Sozinho», de Marta Reis Andrade, é uma animação que acompanha o eco profundo da solidão – a do cão abandonado e a da própria realizadora, no regresso à aldeia após uma temporada em Londres. Um olhar sensível sobre ausência, afeto e o silêncio que se instala entre gerações.
A partir de depoimentos, desenhos científicos, lendas, poemas e imagens de arquivo, Maureen Fazendeiro compõe em «As Estações» uma viagem sensorial pelo Alentejo – uma terra onde a história, real e imaginada, se desdobra em ciclos, gestos e vozes. «Um fabuloso mergulho pelo Alentejo, começando pelo primeiro inventário arqueológico, usado aqui como ponto de partida para um conjunto de lendas, mitos e tradições trabalhados com enorme cuidado.», escreveu João R. Pais. A sessão contará com a presença do actor Cláudio da Silva e uma conversa com o professor André T. Santos, após o filme.
Na Casa do Cinema de Coimbra, às 14h45, o público pode assistir à reposição de «A Quinta», de Avelina Prat, integrado na secção “Filmes do Mundo”. A longa-metragem, de acordo com a realizadora, «explora como, ao assumir a identidade de outra pessoa, alguém pode encontrar o seu verdadeiro eu, reconstruir a sua vida e descobrir o seu lugar no mundo. Um lugar que nada tem a ver com raízes, mas sim com descoberta». Maria de Medeiros, Rita Cabaço, Rui Morrison e Luísa Cruz são alguns dos intérpretes desta coprodução luso-espanhola que reafirma o diálogo entre o cinema português e outras cinematografias europeias.
Entrega de Prémios
O festival encerra com a Cerimónia de Entrega de Prémios, momento alto de celebração da cinematografia nacional. Serão anunciados os vencedores das várias secções competitivas e entregues os prémios que distinguem a excelência artística e técnica do cinema português contemporâneo – do Grande Prémio Cidade de Coimbra aos galardões de realização, fotografia, som, interpretação e argumento, além dos Prémios FIPRESCI e do Público.
A noite contará com a actuação de CRUA, projecto que revisita o repertório tradicional ibérico com o adufe como instrumento central, criando um diálogo entre cinema, herança cultural e criação contemporânea.
O evento, com jantar incluído (30€), realiza-se às 20h00 na Sala Afonso Henriques / Convento São Francisco. Reservas disponíveis em caminhos.info.