Nove projectos de investigação biomédica portugueses receberam, no total, mais de seis milhões de euros no concurso de Investigação em Saúde da Fundação “la Caixa”, numa edição em que foram seleccionados 34 projectos, anunciou a organização.
“A edição de 2025 do concurso de Investigação em Saúde da Fundação ‘la Caixa’ seleccionou 34 novos projectos de investigação biomédica de excelência, atribuindo até um milhão de euros a cada um. Os projectos são liderados por 25 centros de investigação, universidades e hospitais espanhóis, e por nove instituições portuguesas”, refere a fundação.
O projecto português que obteve o maior financiamento, no valor de 999.930 euros, foi a descodificação dos mecanismos cerebrais subjacentes à empatia e ao comportamento prosocial, liderado por Cristina Márquez, investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. A investigação pretende compreender como o cérebro interpreta e responde às emoções de outras pessoas.
O segundo projecto português mais financiado, com 999.563,80 euros, é uma investigação sobre uma nova abordagem para combater danos cerebrais a partir do interior, liderada por Ana Paula Pêgo, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto. A equipa procura aumentar a eficiência dos astrócitos — células que fornecem suporte, nutrição e regulação aos neurónios — de forma a proteger o cérebro em situações de acidente vascular cerebral ou outros eventos neurológicos agudos, introduzindo instruções que aumentem a produção de proteínas essenciais à eliminação de substâncias químicas tóxicas.
O terceiro projecto português mais financiado recebeu 989.290 euros e centra-se num dispositivo implantável para administração de fármacos no tratamento do glioblastoma, liderado por Bruno Sarmento, também do i3S. O dispositivo liberta moléculas terapêuticas directamente no cérebro após a cirurgia de remoção do tumor. O investigador da Universidade do Minho, Bruno Costa, participou igualmente no projecto.
Entre os restantes projectos portugueses, destaca-se a investigação liderada por Diogo Castro (i3S), que analisou como pequenas alterações no ADN influenciam o desenvolvimento cerebral e o transtorno do espectro do autismo, recebendo 731.631 euros.
Duas investigações do Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular, em Lisboa, foram premiadas, totalizando 999.253 euros. Uma delas centra-se na criação de uma célula capaz de eliminar uma ampla variedade de cancros, liderada por João Lacerda, e a outra na manutenção da integridade da informação genética.
Outros projectos financiados incluem a utilização de análises microscópicas baseadas em inteligência artificial, liderada por Ricardo Henriques; o combate a infecções, liderado por Ana Eulálio, da Universidade de Coimbra; e a análise cerebral na tomada de decisões, liderada por Joseph Paton, da Fundação D. Anna Sommer Champalimaud e Dr. Carlos Montez Champalimaud, em Lisboa. Estas três investigações receberam, no total, 1.471.595,70 euros, com financiamentos próximos dos 500.000 euros cada.
Na edição de 2025 do concurso da Fundação “la Caixa” foram apresentadas 714 propostas de investigação na área da saúde.