A escassos meses do final do mandato de vereador (2021), Jorge Alves (PS) deixou a Câmara de Coimbra sob suspeita de cometimento de crime(s) enquanto gestor dos SMTUC. Volvidos quatro anos e meio, o Ministério Público (MP) acaba de arquivar o inquérito, ilibando o arguido.
Interpelado pelo “Campeão”, o antigo autarca, técnico superior assessor do Ministério da Justiça, declarou ter agido “em defesa do superior interesse público”.
Magoado com alguns ex-vereadores, Jorge Alves, que já tinha sido autarca na Lousã, alega que mandou “aferir, em várias ocasiões, a eficácia do sistema” introduzido nos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra para prevenção de avarias nas viaturas.
Conhecido por permitir a “gestão de manutenção preditiva em tempo real”, o sistema foi fornecido por uma empresa de que era sócio e gerente um filho do autarca e antigo gestor dos SMTUC.
Vicissitudes da vida fizeram com que o relacionamento entre filho e pai (divorciado da mãe) não proporcionasse, durante vários anos, conhecimento mútuo sobre os desempenhos profissionais.
Ao pairar a suspeita de favorecimento da sociedade, alegadamente assente em ajustes directos, Jorge Alves renunciou ao mandato de vereador no último mandato do então líder camarário Manuel Machado.
Para o arquivamento do inquérito do foro criminal, em que interveio a PJ sob a direcção do MP, foram decisivos os testemunhos de vários funcionários dos Serviços Municipalizados.
A magistrada do Ministério Público Alda Fontes concluiu que a sobredita empresa era a única capaz de prestar tal serviço, tido como bastante útil para a oferta de transporte dos SMTUC.
A avaliar pelos testemunhos recolhidos, os ajustes directos não tiveram o intuito de beneficiar a empresa contratada e favoreceram o desempenho da frota dos Transportes Urbanos de Coimbra.
Notícia publicada na edição impressa do Campeão das Províncias de quinta-feira, 13 de Novembro de 2025