Em Coimbra, a história volta a dar voltas. Dois anos depois de se ter transformado na Casa da Cidadania da Língua, o espaço municipal regressa agora à sua designação original: Casa da Escrita. Um nome que ecoa tradição, cultura e a essência literária da cidade. A confirmação veio do executivo municipal.
Segundo a Câmara Municipal, a designação CCL cessou formalmente no dia 11 de Outubro. “A Casa da Cidadania da Língua nasceu de um protocolo com a Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA), com a ambição de projectar Coimbra no panorama cultural internacional, transformando o espaço num ponto de encontro da língua portuguesa, da cidadania e da cultura global. Esse período de vigência terminou no passado dia 11 de Outubro”, explicou o município.
O regresso ao nome original não é apenas simbólico. Representa também a passagem de testemunho para o novo Executivo Municipal, cuja tomada de posse se realizou no dia 4 de Novembro, um momento que marcou o início de um novo capítulo para a cidade e para a sua vida cultural.
Entre 2023 e 2025, cerca de 150 mil euros foram investidos pela Câmara na manutenção e programação da Casa. Durante esse período, a APBRA ficou responsável pela programação cultural do espaço, enquanto o município suportava até 75 mil euros anuais das despesas, sem qualquer transferência directa de verbas.
A mudança inicial suscitou alguma polémica. A oposição criticou a falta de transparência, e José Manuel Silva, então presidente da Câmara, absteve-se da votação por ser irmão de um dos fundadores da associação. O protocolo acabou por ser aprovado com cinco votos a favor e cinco contra, cabendo ao vice-presidente Francisco Veiga exercer o voto de qualidade.
A decisão de devolver o espaço ao seu objectivo original recebeu também reacções de vozes da cidade que acompanharam o percurso da Casa da Cidadania da Língua. Jorge Gouveia Monteiro afirmou: “Casa da Escrita devolvida ao seu objectivo originário. Parabéns à nova vereadora da Cultura e da CMC, Margarida Mendes Silva, à presidente Ana Abrunhosa e a toda a nova equipa da Câmara. Respira-se melhor, não só nas Ruas João Jacinto e do Loureiro, mas em todo o universo cultural de Coimbra. As obras de conservação vão avançar. Os custos de reparações devidas a usos inapropriados, se as houver, devem ser imputados aos seus autores”.
Hoje, com o nome histórico restaurado, a Casa da Escrita convida Coimbra a redescobrir um espaço de cultura, palavras e cidadania e a escrever, mais uma vez, o seu próprio capítulo.