A maioria dos portugueses confia nos serviços digitais do sector público para gerir os dados de saúde, no entanto, receia o seu uso pelas tecnológicas. É essa a conclusão do estudo “Partilha de dados e Blockchain”, conduzido pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
De acordo com os dados, 82% dos inquiridos confiam nos médicos e 76% nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Contudo, “apenas 27% acreditam que empresas como a Microsoft ou a Apple oferecem segurança, enquanto 41% assumem abertamente a sua desconfiança”. A investigação dá ainda conta de que a principal preocupação dos cidadãos é a protecção de dados pessoais: “oito em cada dez portugueses dizem estar preocupados com a falta de responsabilidade das instituições (81%) e com a falta de clareza no uso da informação (80%)”, revela o relatório.
Além destes, também a exclusão social digital (77%), falhas técnicas (77%) e desconhecimento legal sobre os direitos dos cidadãos (76%) completam a lista dos riscos mais apontados. “Sem saber onde estão os dados, quem lhes acede e com que finalidade, as pessoas retraem-se”, explica Marta Entradas, investigadora do ISCTE e responsável pelo estudo. A docente sublinha ainda que “sem a confiança dos utilizadores, mesmo tecnologias com potencial para melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados não são aceites”.
Nesse sentido, apesar da crescente digitalização, a partilha de informação sensível permanece limitada. “Apenas 51% [dos inquiridos] se mostram disponíveis para partilhar resultados clínicos e 45% informação genética”, adianta o estudo. Todavia, 52% rejeita a venda destes dados.