A Montra das Artes & Ofícios ocupou ontem, 17 de Agosto de 2025, o eixo pedonal da rua Ferreira Borges à rua Visconde da Luz, das 9h00 às 19h00. Foram dezassete expositores com demonstrações ao vivo e venda de peças, numa acção que reforça a animação económica e cultural da Baixa e o regresso do público às ruas históricas.
O formato junta ofícios e música ao fim da tarde e tem calendário regular nos terceiros domingos, com reforço nos meses de Verão. Desde 2023, a Montra funciona como vitrina ao ar livre para ofícios tradicionais e criações contemporâneas, procurando afirmar Coimbra também como cidade do saber-fazer.
“Vi peças muito bonitas. Gosto de passear na Baixa quando há este tipo de iniciativas. Dá outra cor ao domingo. Vemos os artesãos a trabalhar e descobrimos peças que não encontramos nas lojas. Hoje trouxe a família e foi um programa agradável para depois do almoço”, afirmou Pedro Ferreira Lopes, 42 anos, residente em Condeixa, acompanhado da esposa e dos dois filhos.
Entre os ofícios representados ao longo do ano destacam-se a louça, a tecelagem, a tanoaria e trabalhos em madeira, couro e metal. A louça de Coimbra, documentada desde o século XVI, permanece como sinal identitário local. A tecelagem de Almalaguês consolidou presença na Baixa com espaço próprio e demonstrações regulares. A tanoaria mantém lastro histórico no vale do Douro e em Vila Nova de Gaia, pelo armazenamento do Vinho do Porto.
Os artesãos chegam de vários pontos da Região de Coimbra e do Norte do país, trazendo peças de autor e processos de produção à vista do público. De Penacova vieram trabalhos em madeira. De Tábua e Mortágua, artigos em cestaria e fibras vegetais. De Condeixa, recriações em cerâmica inspiradas na tradição romana de Conímbriga. De Soure, bordados e trabalhos em linho. De Sever do Vouga e Oliveira de Azeméis, cutelaria e pequenos utensílios metálicos. De Matosinhos e Vila Nova de Gaia, couro, tanoaria e artes ligadas ao vinho. E de Pedrógão Grande, peças de cestaria em vime. A diversidade mostra como a Montra funciona como palco de encontro entre a tradição e a inovação.
A curadoria do evento enfatiza sustentabilidade e autenticidade, em linha com a agenda de formação e salvaguarda do Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (CEARTE) e com o Programa Nacional Saber Fazer, distinguido nos Prémios Europeus do Património 2025.
O público respondeu em força. Famílias, turistas e curiosos cruzaram as bancas ao longo do dia, confirmando a tendência: sempre que a cidade devolve iniciativas às praças, a Baixa ganha mais vida. A experiência recente sustenta essa leitura. Criada em 2023 para animar o centro histórico, a Montra veio juntar-se a outros certames que já tinham mostrado capacidade de atrair visitantes.
História e evolução
A primeira edição da Montra das Artes & Ofícios realizou-se a 16 de Abril de 2023. Em 2024 passou a ter cadência mensal, nos terceiros domingos. Em 2025 mantém o modelo e intensifica presenças no Verão, articulando-se com parceiros locais e com as políticas municipais de dinamização da Baixa. A iniciativa é promovida pela Câmara Municipal de Coimbra, em parceria com a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), a CoimbraMaisFuturo e o CEARTE.