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Águas do Centro Litoral vai assumir responsabilidade civil e ambiental após avaria

14 de Agosto 2025 Jornal Campeão: Águas do Centro Litoral vai assumir responsabilidade civil e ambiental após avaria

A Águas do Centro Litoral (AdCL), gestora da estação elevatória em Leiria onde ocorreu uma avaria que obrigou a descargas de efluentes não tratados no rio Lis, garantiu hoje que vai assumir a responsabilidade civil e ambiental.

“A Águas do Centro Litoral tem de assumir a responsabilidade civil e ambiental, e por isso temos as apólices de seguros para o efeito. É lógico que aquilo que seja, comprovadamente, da nossa responsabilidade, teremos de assumir dentro daquilo que está definido na legislação”, afirmou aos jornalistas, em Leiria, o vogal executivo da empresa Paulo Leitão.

Este responsável falava nos Paços do Concelho, após uma reunião, presidida pelo secretário de Estado do Ambiente, João Manuel Esteves, para coordenar resposta a avaria na estação elevatória de Monte Real, e que juntou várias entidades.

Ainda sem valores definitivos da quantidade de efluente descarregado para o rio na sequência da avaria, Paulo Leitão explicou que “esta é uma [estação] elevatória de poço seco, ou seja, não funciona com efluente na câmara onde estão as bombas”.

“E é raríssimo existir um problema em que haja um derrame para o poço seco”, declarou, esclarecendo o que “o sistema é redundante, não está é previsto e preparado para ser inundado”. Por isso, teve de “se drenar e limpar, para se poder aceder às bombas” e saber o que deveria ser feito, precisou.

Por outro lado, salientou que a empresa iniciou a identificação de “um conjunto de intervenções para garantir que fenómenos desta natureza não voltem a acontecer”, ou seja, nos casos de “uma ruptura que provoque uma inundação nesta câmara, que haja um sistema que permita selar” o circuito de bombagem a montante e a jusante da câmara.

Ainda segundo este responsável, a AdCL está a equacionar também a substituição das bombas para “uma classe à inundação mais resistente, para que, caso venha a acontecer uma inundação, [se] faça só a limpeza e a reposição do serviço seja de imediato”.

“Esta avaria não tem a ver com falta de manutenção, nem com questões de investimento”, assegurou.

Paulo Leitão adiantou que a AdCL vai, nos processos internos de melhoria, verificar “se tudo feito de acordo com as melhores práticas e procedimentos”, e dotar as infra-estruturas do sistema com soluções para evitar problemas iguais.

No caso do rio Lis, notou ainda que como tem um “caudal menor, tem um impacto maior”, reconhecendo, contudo, que “volumes [de descargas] desta natureza não deixam de ter sempre um impacto significativo no meio hídrico”.

Sobre a eventual colocação de sistemas de retenção de efluentes, Paulo Leitão explicou que “só podem ser criados onde há condições físicas para fazer a retenção”.

“Neste caso, estamos a falar de volumes consideráveis. Se calhar, teríamos de deixar de ter os campos do Lis com culturas agrícolas e criar uma grande bacia de retenção”, declarou, considerando que, “não havendo condições físicas” para a retenção, a solução passa pela “capacitação da infra-estrutura para ter o mínimo de falhas possíveis”.

Na quarta-feira, a AdCL divulgou que a estação de Monte Real, que eleva efluente para a estação de tratamento de águas residuais do Coimbrão, estava “temporariamente inoperacional devido a uma avaria nas bombas que compõem o sistema de elevação”.

De acordo com a empresa, “foi accionado o sistema de descarga de emergência da estação, bem como da estação elevatória a montante (Serra de Porto do Urso)”, e as descargas ocorreram, “respectivamente, no rio Lis e numa vala de rega adjacente”.

Esta situação levou à interdição de banhos na Praia da Vieira, na Marinha Grande, onde desagua o rio Lis, e o Município de Leiria desaconselhou actividades no troço do rio Lis a jusante de Monte Real, como captações para rega, banhos e pesca.

Hoje, a AdCL assegurou que a avaria está resolvida, tendo terminado as descargas de efluentes para o rio Lis.