Marcelo Beraba, jornalista que teve papel de destaque nas redacções dos quatro jornais mais importantes do Brasil e foi cofundador e primeiro presidente da Associação Brasileira de Jornalismo de Investigação (Abraji), morreu na última segunda-feira, aos 74 anos, no Rio de Janeiro, vítima de um cancro.
Os obituários coincidiram em elogiar um professor incansável, generoso, rigoroso e visionário da profissão, cujas atitudes profissionais marcaram a vida e a obra de inúmeros colegas.
O exclusivo mais notável foi uma fotografia do capitão Wilson Dias Machado no hospital, gravemente ferido ao tentar plantar uma bomba para incriminar injustamente activistas de esquerda. Serviu de motivação para a campanha de redemocratização, as Directas Já.
O brutal assassinato do repórter Tim Lopes, da TV Globo, em 2002 levou Beraba a, organizar reuniões no Sindicato e manifestações e, cerca de 140 jornalistas fundaram oficialmente a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Em 2008 ao assumir o cargo de editor-executivo do Estadão e completou o mandato de quatro anos dos editores dos principais jornais brasileiros nos últimos 75 anos.
Em Março deste ano, foi diagnosticado com um tumor cerebral. Segundo o obituário do Estadão, manteve se calmo até ao fim e dedicou seus últimos meses à leitura.
Muitas das homenagens destacam que Beraba usou o termo “Maestro” para se referir aos seus colegas de profissão. O professor, o Mestre, Marcelo Beraba, era na verdade ele.
João Palmeiro