Pai Natal entope Águeda e Vigo

Por esta altura todos os caminhos vão dar a Águeda e Vigo, duas cidades (a primeira no distrito de Aveiro e a segunda em Espanha) que vivem a época natalícia de forma efusiva. Cada vez mais reconhecidos a nível nacional e também a nível internacional, tanto o Natal de Águeda como o de Vigo vão ganhando notoriedade pelo conjunto de iniciativas que apresentam ano após ano. Prova disso foram os milhares de turistas que no último fim-de-semana passaram por ambas as cidades, no caso de Vigo os portugueses aproveitaram o feriado para entupir a cidade espanhola criando filas e filas de quilómetros na A3, sentido Sul/Norte, na zona de São Pedro da Tore, em Valença. Conhecida pela sua árvore de Natal gigante com 40 metros de altura e pela atmosfera festiva, a cidade espanhola enfeitou-se este ano com aproximadamente 11,5 milhões de luzes LED, espalhadas por 450 ruas. O esperado é que este fim-de-semana a história se volte a repetir, já que temos novamente feriado na sexta-feira. Em Águeda foram também muitos os visitantes que quiseram ir conhecer o Maior e o Menor Pai Natal do Mundo, fazendo um dos fins-de-semana mais movimentados até agora. Para além destes factores indiscutíveis para atrair milhares de pessoas durante esta época, os espaços encantados, as iluminações e decorações, animação cultural e desportiva, música de rua e os tão característicos guarda-chuvas são outras atracções para o levar até Águeda. A Câmara Municipal investiu cerca de 500 mil euros que espera ter retorno no comércio local.

Situado no Largo 1.º de Maio, em pleno centro da cidade de Águeda, está o Maior Pai Natal do Mundo, que surpreende quem o visita tanto pela sua altura, que conta com 21 metros, como por toda a iluminação e pormenores que contém, é iluminado por mais de 250 mil luzes LED.  Este ícone de atracção do Natal em Águeda é conferido pelo Guiness Book of Records. À sua volta são muitas as actividades que pode desfrutar, desde a casa do pai natal, a árvore de Natal e os baloiços decorativos, mas há este ano uma grande novidade, é que o Pai natal não se encontra sozinho, com ele está uma banda a acompanhá-lo, com um outro Pai Natal ao piano e algumas renas com instrumentos musicais.

No espaço é possível encontrar várias barracas dedicadas ao artesanato e gastronomia. Para os mais pequenos há também diversas actividades infantis, como carroceis.

Já no Posto de Turismo de Águeda vai encontrar o Menor Pai Natal do Mundo, que cabe no buraco de uma agulha. Feito pelo escultor inglês Willard Wigan, este senhor de barbas brancas faz jus ao seu nome, sendo necessário recorrer a um microscópio para o ver.

Este Pai Natal é composto em fibra Kevlar (uma fibra sintética de para-aramida, muito resistente e leve) esculpido com uma micro-escova de aço e uma agulha de acupunctura achatada e surge colocado dentro da abertura de uma agulha, por cima de uma árvore de Natal igualmente microscópica.

Carla Couceiro, técnica superior da Câmara Municipal de Águeda, falou ao “Campeão” e revelou que só num dia passaram pelo Posto de Turismo mais de mil pessoas para verem o pequeno Pai Natal. “Há sempre muitas pessoas a virem, principalmente ao fim-de-semana, e o feedback tem sido bastante positivo. As pessoas dizem que gostam de vir até aqui, de ver as ruas, as decorações, os Pais Natais, e isso é muito gratificante. O investimento que é feito aqui tem retorno e é visível na felicidade das pessoas”, anuiu.

Pai Natal e guarda-chuvas chamam pessoas

As atracções de Natal em Águeda já são bem conhecidas a nível nacional e por todo o país são muitas as pessoas que tiram um dia, ou mesmo um fim-de-semana, para ir conhecer esta verdadeira magia.

Marco Martins veio do Porto com uma amiga para ver o Maior e o Menor Pai Natal do Mundo. Já tinham vindo uma vez à cidade, mas na altura ainda as luzes não estavam ligadas e por isso decidiram voltar. “Acho muito interessante ver o Menor e Maior Pai Natal numa só cidade porque marca a diferença”, disse.

Apesar de vir nesta época natalícia onde a principal atracção é o senhor de barbas brancas, este turista admite que os guarda-chuvas são também um dos motivos da ida. “Acho que é uma cidade que se adaptou muito bem às novas tendências, criou isto dos guarda-chuvas que é muito interessante e original e juntou o Maior e Menor Pai Natal do Mundo por isso é um sítio muito bom para vir visitar”, realçou Marco Martins.

De mais perto, de Vagos veio André Martins com a sua família. Depois de vários amigos lhes falarem das atractividades que Águeda tinha, decidiram ir conhecer pelos seus próprios olhos. “É a primeira vez que viemos porque nos falaram muito do famoso Pai Natal”, começou por dizer o visitante. Já a sua mulher salientou que “devia haver mais câmaras a fazer este tipo de iniciativas porque isto é animação para toda a família, especialmente para aqueles que ainda acreditam no pai natal. Os pequenos ficam admirados com o tamanho do Pai Natal”.

João Ribeiro é um aguedense e já está acostumado a esta folia. Todos os anos vê milhares de pessoas a passarem pela cidade e também ele não deixa de ir fazer as suas visitas ao Largo 1.º de Maio. “Isto vai desde os pequeninos até aos avós que vêm visitar Águeda todos os anos para ver coisas diferentes porque há sempre novidades. Muita gente vem passar um fim-de-semana aqui e numa altura destas é sempre bom”, destacou. Admite que todas as iniciativas que a autarquia tem desenvolvido têm sido boas para a cidade e as da época natalícia em especial. “É uma mais-valia para o nosso concelho, é cada vez melhor e temos muitas pessoas a vir visitar e isso faz com que seja falada no mundo”.

Comércio ganha mas não abunda

Com milhares de pessoas a chegarem à cidade para conhecer as iluminações e festividades de Natal, o comércio tradicional é quem mais aproveita. A própria autarquia afirma que o objectivo principal deste evento é a promoção da actividade comercial e a promoção da cidade e região. No entanto, os ganhos não são iguais para todos.

Sandra Simões é proprietária de uma loja de vestuário situada bem na Baixa da cidade, numa das artérias principais de acesso ao Largo 1.º de Maio. Na sua opinião “este ano está pior que o ano anterior”, embora se veja muita gente nas ruas, principalmente ao fim-de-semana onde “não se consegue circular”. Considera que as pessoas só vão mesmo passear e conhecer as ruas. “Há sempre uma ou outra pessoa que entra e compra qualquer coisa, mas o poder de compra está muito inferior aos outros anos. As pessoas não vêm para fazer compras aqui”.

Por outro lado, a área da restauração vive a melhor fase do ano. “Ao fazerem estas actividades aqui fomentou muito o negócio é um balão de oxigénio para o comércio de Águeda, principalmente para a restauração”, contou Ester Mendes, proprietária de um restaurante. Admite que por vezes não é fácil dar resposta a tanta procura, uma vez que revela que há poucas casas deste ramo abertas aos fins-de-semana e por isso quem abre portas acaba por não conseguir atender toda a gente.

A comerciante afirma que muitas pessoas que vão ao seu restaurante são de fora e que chegam à procura dos famosos guarda-chuvas. “Águeda prima pela inovação e realmente fomos os pioneiros nos chapéus, começamos com uma rua e agora já se estendeu por outras. Tenho várias pessoas que vêm cá jantar que deslocam-se de propósito para ver os guarda-chuvas e agora os Pais Natais. São milhares de pessoas que passam aqui e vão com uma imagem muito boa”.

Cristiana Dias
»» [Reportagem da edição impressa do “Campeão” de 07/12/2023]