A canábis mantém-se como a droga ilícita mais consumida em Portugal, com padrões de uso frequente e frequentemente associada ao consumo de outras substâncias, revela o Instituto para os Consumos Aditivos e as Dependências (ICAD).
Os dados, relativos a 2024, foram divulgados no âmbito do Inquérito Online Europeu Sobre Drogas, realizado em 35 países e que contou com a participação de 1.098 portugueses. O estudo indica que 2% da população entre os 15 e os 74 anos consumiu canábis recentemente, valor que sobe para 5% entre os jovens dos 15 aos 34 anos.
O consumo é mais frequente entre os homens, representando 63% dos consumidores, enquanto 36% são mulheres, com 2% a identificar-se como não binário. Quase um quarto (23%) vive com os pais, 21% conjugalmente sem filhos, 18% sozinho e 11% partilha casa ou residência de estudantes.
Em termos académicos, 62% dos consumidores têm o ensino superior completo, 36% o secundário e 2% o básico. Quanto à situação laboral, 65% trabalha a tempo inteiro, e 23% estuda ou combina trabalho e estudo. Relativamente aos rendimentos, 49% recebe menos de mil euros líquidos por mês, 38% entre mil e 1.999 euros, e 13% igual ou acima de 2.000 euros.
A maioria vive em meio urbano (65%), seguindo-se os subúrbios (10%), vilas (11%) e aldeias (14%). Regionalmente, 33% está na área de Lisboa e Vale do Tejo, 20% no Norte, 14% no Centro, 5% no Algarve, 3% no Alentejo, 1% na Madeira e 25% nos Açores.
Quase todos os consumidores portugueses de canábis também consumiram tabaco e álcool nos últimos 12 meses. Entre outras drogas ilícitas, destacam-se o MDMA (34%), cogumelos alucinogénios (24%), cocaína (22%) e LSD (17%). Quanto ao tipo de canábis, 90% consome erva, 65% resina, 17% produtos comestíveis, 10% óleos ou extractos, 9% cristais, 6% produtos cosméticos e 4% líquidos.
O estudo revela ainda que sete em cada dez consumidores utilizaram outras substâncias além da canábis na última ocasião de consumo, sendo a prevalência de policonsumo semelhante à observada na Europa (70%). Em comparação com 2021, o policonsumo diminuiu de 82% para 70% em Portugal.
A idade média de início do consumo é de 16 anos, e os principais motivos apontados incluem reduzir stress e relaxar (79%), melhorar o sono ou controlar depressão e ansiedade (35% a 55%), e socializar ou divertir-se. Outros motivos citados por 10% a 25% dos consumidores incluem reduzir dores, melhorar desempenho académico, laboral ou desportivo, aumentar prazer ou desempenho sexual, ou razões espirituais.
Quanto aos efeitos negativos, cerca de metade dos consumidores não relatou problemas de saúde atribuíveis à canábis. Entre os efeitos mais referidos destacam-se problemas de memória (22%), ataques de ansiedade ou pânico (17%), dificuldades de concentração (15%) e tonturas ou sensação de desmaio (13%).