A associação Empresários pela Inclusão (EPIS) criou um manual de boas práticas que visa ajudar na contratação de pessoas com deficiência. A iniciativa pretende acabar com os mitos e preconceitos relacionados com a deficiência e o mundo de trabalho, sendo dirigida a empregadores públicos e privados.
“Os jovens com deficiência têm mais dificuldade de integração no mercado de trabalho”, alerta a EPIS, defendendo que são necessárias mudanças organizacionais com vista a alterar esta realidade. Nesse sentido, o “Vencer os Desafios da Inserção Profissional de Jovens com Deficiência – Boas Práticas no Terreno” pode ajudar. Este guia prático ambiciona ser uma ferramenta de trabalho para empregadores, com pistas e exemplos concretos para “melhorar os processos de selecção, recrutamento, integração e desenvolvimento da carreira destes jovens com deficiência”.
A directora financeira da EPIS, Susana Lavajo, explica que o principal receio de quem contrata reside na “falsa crença de que as pessoas com deficiência não conseguem ser produtivas ao desempenhar as suas funções”. No entanto, a responsável considera estes medos “infundados”, já que “estes jovens têm um valor económico real” e “são perfeitamente capazes de desempenhar muito bem todas as tarefas”, desde que tenham as “condições necessárias para cumprir as funções”.
Nesse sentido, o manual de boas práticas procurou “equilibrar evidência literária com experiência prática”, dando vários exemplos do que pode ser melhorado. “Por exemplo, a sensibilização das equipas internas, o uso de linguagem inclusiva na comunicação, a promoção de pequenas adaptações no ambiente físico, e estas adaptações, inclusivamente, podem ser feitas usando a perspectiva do próprio candidato a ser integrado”, explica Susana Lavajo.
A importância de saber valorizar
Entre as outras sugestões fornecidas por este guia estão o “dar instruções claras em formatos acessíveis” e o saber valorizar os trabalhadores. “A valorização das competências individuais, ou seja, o ir dando feedback construtivo, o reconhecimento do trabalho realizado, quer dizer, há uma série de práticas que podem ser feitas no mercado de trabalho, na integração profissional, que têm um baixo custo, mas têm depois um impacto elevado na motivação e na retenção destes jovens nas equipas”, sublinha a directora financeira.
Além disso, segundo a responsável, as empresas devem “apostar em ferramentas tecnológicas mais acessíveis, de acordo com as deficiências em causa”, para que cada jovem possa desempenhar as suas funções de forma eficaz. Afinal, a inserção destas pessoas no mercado de trabalho é “ uma questão de justiça social, de equidade e de cidadania”, mas também de “reconhecer o potencial e as competências de cada um e a mais-valia que isso traz para a sociedade e para os próprios jovens”.
Recorde-se que, em 2020, a taxa de desemprego neste grupo era de cerca de 20,3%, “quase o dobro da registada na população sem deficiência (11,8%) ”, expõe a EPIS. Deste modo, a associação tem como objectivo ajudar a diminuir a percentagem de desemprego entre estes jovens, contribuindo para que consigam “passar de programas de formação para programas de formação”, remata.