A antiga ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, venceu no domingo as eleições autárquicas em Coimbra, pela coligação Avançar Coimbra (PS/Livre/PAN), pondo fim ao mandato de José Manuel Silva, eleito em 2021 pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/IL/CDS-PP/Nós, Cidadãos!/PPM/MPT/Volt).
Perante apoiantes, Abrunhosa celebrou o “fim de um ciclo” e prometeu que “Coimbra vai mudar de vida e ter mais ambição e mais coragem nas decisões políticas”. A vitória socialista em Coimbra tem forte carga simbólica: marca o regresso do PS à liderança da Câmara quatro anos depois de uma derrota inesperada em 2021, e é interpretada como um sinal de reaproximação do eleitorado urbano ao partido.
Centro-direita domina interior do distrito
Se Coimbra muda de cor política, o mapa autárquico da região mantém-se maioritariamente azul, com o PSD e coligações de centro-direita a assegurar vitórias em concelhos estratégicos como Figueira da Foz, Cantanhede, Arganil, Penacova, Góis, Pampilhosa da Serra e Lousã.
Na Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes reforçou a sua liderança ao vencer com 58,85% dos votos, garantindo uma maioria confortável e consolidando o projecto político iniciado em 2021. Em Cantanhede, Helena Teodósio (PSD) alcançou uma expressiva maioria, com 62,02% dos votos, confirmando o domínio social-democrata no concelho.
Também Luís Paulo Costa (Arganil), Álvaro Coimbra (Penacova), Rui Sampaio (Góis) e Jorge Custódio (Pampilhosa da Serra) asseguraram reeleições seguras, mantendo a continuidade política em autarquias historicamente ligadas ao PSD. Na Lousã, Vítor Carvalho venceu com maioria expressiva, reforçando a posição da coligação PPD/PSD.CDS-PP.
Movimentos independentes e dissidências alteram o equilíbrio local
As eleições de 2025 ficaram ainda marcadas pela afirmação de movimentos independentes e dissidentes partidários, fenómeno que se consolida no distrito.
Em Soure, Rui Fernandes venceu pelo movimento Novo Ciclo (NC), uma dissidência do PS, num empate técnico com os socialistas (ambos com três eleitos). Em Condeixa-a-Nova, Liliana Pimentel, do movimento Condeixa Novos Caminhos (CNC), derrotou PS e PSD e tornou-se a nova presidente da Câmara, simbolizando uma nova geração de liderança local.
Na Mealhada, o independente António Jorge Franco (MMMI) manteve a autarquia com 46,21%, garantindo a continuidade de um projecto que se tem afirmado como referência de estabilidade fora das estruturas partidárias tradicionais.
Outro caso de ruptura partidária verificou-se em Vila Nova de Poiares, onde Nuno Neves, antigo autarca socialista local, venceu pelo movimento Poiares a Sério, derrotando o PS e o PSD e conquistando dois mandatos, um resultado que espelha descontentamento interno no partido e a força das candidaturas locais independentes.
Socialistas mantêm bastiões e recuperam terreno
Apesar da perda de influência em alguns municípios do interior, o PS mantém importantes câmaras, como Oliveira do Hospital (Francisco Rolo), Tábua (Ricardo Cruz), Penela (Eduardo Santos), Montemor-o-Velho (José Teixeira Veríssimo) e Mortágua (Ricardo Pardal).
Em Mortágua, o PS garantiu 48,04% dos votos, assegurando maioria, enquanto em Montemor-o-Velho José Teixeira Veríssimo conquistou uma vitória expressiva com 46,7% e maioria absoluta. Estes resultados confirmam a resiliência socialista nas zonas mais consolidadas do Baixo Mondego e reforçam a presença do partido em áreas de influência tradicional.
No balanço global, as autárquicas de 2025 na região de Coimbra traduzem um cenário de equilíbrio político, onde o PS recupera protagonismo urbano, o PSD mantém domínio territorial no interior e os movimentos independentes se consolidam como terceira força em diversos concelhos.