A Expo Osaka 20225 começou a 13 de Abril e termina a 13 de Outubro. Nesta recta final, o “Campeão das Províncias” falou com Bernardo Amaral, Director do Pavilhão de Portugal no certame, que nos faz um balanço da participação nacional no Japão, um investimento de 21 milhões de euros. O responsável espera que “a visibilidade alcançada intensifique a aposta do País na economia azul, atraia investimentos e fortaleça a cooperação internacional nesta área”. ‘Oceano, Diálogo Azul’ foi o tema da participação lusa, evocando quase 500 anos de relações com o Japão.
Campeão das Províncias [CP]: Que balanço faz da participação de Portugal na Expo 2025 Osaka? Que momentos destaca e com que simbolismo?
Bernardo Amaral [BA]: O balanço é extremamente positivo. Até agora, a participação de Portugal tem-se afirmado como uma presença de destaque na Expo 2025 Osaka, reflectindo a criatividade, inovação e tradição do nosso País. Destaco momentos como a visita do Senhor Primeiro-Ministro e membros do Governo português, assim como altas figuras internacionais e de personalidades da cultura, que reforçaram a imagem de Portugal como País moderno, culturalmente rico e aberto ao diálogo global. O envolvimento, até ao momento, de mais de 460 entidades portuguesas e 180 delegações sublinha também a amplitude e relevância da nossa presença.
[CP]: Quantos visitantes passaram pelo Pavilhão de Portugal até ao momento e quantos ainda esperam alcançar até ao final do certame (a 13 de Outubro)?
[BA]: Até ao momento (meados de Setembro), já passaram pelo Pavilhão de Portugal mais de 1.800.000 visitantes. Com o mês final de actividades da Expo, esperamos alcançar um total ainda mais significativo, consolidando a nossa presença e a notoriedade do País a nível internacional.
[CP]: ‘Oceano, Diálogo Azul’ foi o tema da participação portuguesa. Há aqui uma correlação do passado, presente e futuro do País (o mar) com a mensagem que se pretende passar. Qual foi o objectivo da escolha do tema?
[BA]: O tema ‘Oceano, Diálogo Azul’ reflecte a profunda ligação de Portugal com o mar, que moldou a nossa história, cultura e identidade. Queremos transmitir uma mensagem de sustentabilidade, inovação e cooperação internacional, mostrando como o mar pode ser um motor de conhecimento, economia e preservação ambiental. Ao mesmo tempo, liga passado, presente e futuro, reforçando o papel estratégico de Portugal na economia azul e na responsabilidade ecológica global.
[CP]: Portugal tem conseguido captar o potencial da economia azul, da sustentabilidade e da inovação nesta área? A Expo Osaka intensificou a aposta estratégica do País?
[BA]: Sim, Portugal tem desenvolvido projectos significativos na economia azul e em inovação sustentável, e a Expo permite dar-lhes projecção internacional. Este evento é uma plataforma estratégica para mostrar soluções inovadoras, fomentar parcerias e inspirar novas iniciativas. Esperamos que a visibilidade alcançada intensifique a aposta do País na economia azul, atraia investimentos e fortaleça a cooperação internacional nesta área.
[CP]: Um dos grandes objectivos passou por reforçar os laços estratégicos de Portugal (económicos, sociais e culturais) com a Ásia, Japão incluído. Quais as grandes metas a atingir e que frutos antevê que possam surgir?
[BA]: O objectivo é consolidar relações económicas, culturais e sociais duradouras com a Ásia e, especialmente, com o Japão. Esperamos criar oportunidades de investimento, promover parcerias académicas e tecnológicas, e aumentar o intercâmbio cultural e turístico. Acreditamos que esta presença permitirá frutos concretos, como acordos, memorandos de entendimentos, colaborações científicas e culturais.
[CP]: Até ao momento, como tem sido o feedback dos visitantes sobre o Pavilhão de Portugal e sobre o nosso País?
[BA]: O feedback tem sido extremamente positivo. Realizámos inquéritos de satisfação diariamente e mais de 90% dos visitantes consideram o Pavilhão de Portugal muito bom ou bom. Os visitantes destacam a arquitectura e inovação do Pavilhão, os conteúdos expositivos permanentes, a qualidade das exposições temporárias, o restaurante e a hospitalidade da equipa. Muitos referem sentir-se tocados pela mensagem do Pavilhão, pela cultura portuguesa, pelo design do espaço e pelo diálogo entre tradição e modernidade que o Pavilhão transmite, reforçando a imagem de Portugal como um País acolhedor, criativo e inovador.
Reforço das relações bilaterais com o Japão
[CP]: Sobre os acordos firmados por entidades portuguesas, fale-nos da importância e impactos potenciais.
[BA]: Até ao momento seis entidades portuguesas já firmaram acordos desde a abertura da Expo, o que demonstra a dimensão estratégica do evento. Estes acordos representam investimentos, colaborações académicas e tecnológicas, e novas oportunidades de internacionalização para empresas e instituições portuguesas. No médio e longo prazo, estes frutos poderão traduzir-se em projectos conjuntos, aumento da competitividade e reforço das relações bilaterais com o Japão e outros países asiáticos.
[CP] A Universidade de Coimbra marcou presença na Expo Osaka 2025, em Julho, onde apresentou, no Pavilhão de Portugal, projectos inovadores que unem tecnologia sustentável e cooperação internacional, também na área da economia azul e da sustentabilidade. Que impacto tiveram e como correu essa participação?
[BA]: A presença da Universidade de Coimbra no Pavilhão de Portugal foi um dos momentos de maior relevância académica e científica da nossa participação na Expo. A instituição apresentou projectos inovadores que conjugam tecnologia, sustentabilidade e cooperação internacional, com especial foco na economia azul e nas soluções para os desafios ambientais globais. Os conteúdos apresentados mostraram não apenas a excelência científica, mas também a sua capacidade de transformar conhecimento em soluções práticas, aplicáveis e de impacto global. Através de áreas como as energias renováveis marinhas, a preservação dos ecossistemas oceânicos e a utilização de tecnologias digitais para a sustentabilidade, ficou claro que Portugal está na linha da frente da investigação científica ligada ao mar e ao desenvolvimento sustentável. A apresentação reforçou igualmente o prestígio da Universidade de Coimbra como uma das mais antigas e respeitadas da Europa, mas com uma visão claramente voltada para o futuro e para a cooperação global.
[CP]: Qual o investimento de Portugal nesta participação na Expo 2025 Osaka?
[BA]: O investimento de Portugal na Expo 2025 Osaka foi de 21 milhões de euros, o mesmo reflecte a prioridade estratégica dada à promoção internacional do País. Ele abrange a construção, manutenção e operação do Pavilhão, organização de eventos culturais, logísticos e de comunicação, bem como a participação de entidades e empresas portuguesas. Este investimento traduz-se em retorno directo e indirecto em termos de visibilidade, parcerias, turismo e posicionamento económico-cultural.
[CP]: Enquanto Director do Pavilhão de Portugal, quais os principais desafios que enfrentou na preparação e organização do evento?
[BA]: Os desafios foram muitos, desde a concepção e logística do espaço até à coordenação de eventos, exposições e recepção de visitantes internacionais. Garantir que todas as entidades portuguesas envolvidas estivessem representadas de forma coerente, que os conteúdos fossem acessíveis e impactantes, e que a equipa estivesse preparada para receber milhares de visitantes diariamente exigiu grande dedicação. O esforço está a valer a pena, pois conseguimos criar um Pavilhão que transmite a identidade portuguesa, acolhe calorosamente os visitantes e promove Portugal de forma memorável.
Pavilhão de Portugal conquista três prémios
O Pavilhão de Portugal na Expo 2025 Osaka venceu três prémios. Com o tema ‘Oceano, Diálogo Azul’, o Pavilhão venceu o Ouro na categoria ‘Melhor Conceito Temático’, sublinhando a necessidade da preservação dos oceanos, da consciência ambiental e da responsabilidade global. Portugal venceu, ainda, o bronze nas categorias de ‘Melhor Arquitectura Exterior e Melhor Apresentação no World Expolympics’. A competição internacional promovida pela Experiential Design Authority (TEDA) premiou, também, o Pavilhão com o 4.º lugar nas categorias de ‘Melhor Pavilhão Médio’ e ‘Melhor Mascote’. ‘Oceano, Diálogo Azul’ foi o tema da participação lusa, evocando quase 500 anos de relações com o Japão. Recorde-se que já na Expo 98, foi Portugal que colocou os oceanos, pela primeira vez, na agenda política global.
Entrevista: Ana Clara (Jornalista do “Campeão” em Lisboa)
Publicada na edição em papel do Campeão das Províncias de quinta-feira, 9 de Outubro de 2025