Coimbra  1 de Outubro de 2025 | Director: Lino Vinhal

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Arquitectos apresentam proposta urbanística alternativa com Parque Multimodal do Choupal

1 de Outubro 2025 Jornal Campeão: Arquitectos apresentam proposta urbanística alternativa com Parque Multimodal do Choupal

Os arquitectos Luís Sousa, Adelino Gonçalves e Paulo Antunes apresentaram hoje uma proposta alternativa à intervenção oficial prevista para a chegada da Linha de Alta Velocidade e para a futura Estação Intermodal de Coimbra-B. A conferência de imprensa decorreu no âmbito da promoção do chamado Parque Multimodal do Choupal (PMC), um plano urbanístico que os autores defendem como alternativa à estratégia em curso pela Infraestruturas de Portugal e pelo executivo municipal.

Segundo os proponentes, a situação actual do processo, com o Plano de Pormenor da Estação de Coimbra ainda em elaboração e com o concurso do troço Oiã–Soure sujeito a reformulação, constitui uma oportunidade para rever opções e integrar novas soluções. “Apesar de um atraso que não é bom para ninguém, sentimos um reforço grande de que as propostas que começámos a elaborar há dois anos e meio têm cada vez mais condições para ver a luz do dia”, afirmou Luís Sousa.

Entre as críticas apontadas estão os flyovers ferroviários previstos para a zona do Almegue, considerados “dispensáveis” e “uma fortuna nestes terrenos”, e a nova ponte rodoviária proposta para a zona sul, contestada por alegado impacto negativo sobre o Choupal e a marginal do Mondego. Os arquitectos defendem que “há soluções mais racionais e menos intrusivas”, propondo que parte do investimento possa ser canalizado para requalificação urbana.

Na vertente programática, a proposta do PMC inclui a criação de uma Praça da Estação associada a edifícios para comércio, serviços e habitação. Os arquitectos referiram estimativas de “mil fogos” e “cerca de 13 mil postos de trabalho”, a par de um parque urbano de 39 hectares e de uma Mata do Choupal ampliada e renaturalizada. O plano contempla ainda corredores verdes, ciclovias e percursos pedonais.

O grupo apresentou igualmente uma estimativa de investimento global: cerca de 215 milhões de euros, dos quais 74 milhões atribuídos à estação e áreas comerciais, 19 milhões para a criação de um Instituto Ribeiro Teles — entidade vocacionada, segundo os autores, para renaturalização e construção sustentável — e 132 milhões para equipamentos, parque urbano e Mata do Choupal.

Os proponentes frisaram que pretendem que “a alta velocidade passe aqui, mas com qualidade”, destacando a necessidade de articulação com a mobilidade sustentável e com o Metrobus. Consideram ainda que os acessos sul à estação passaram a ser avaliados como factor de qualidade nos concursos, vendo nesse ponto um sinal positivo de acolhimento às suas ideias.

Na conferência, os arquitectos referiram que “Coimbra tem a possibilidade de se transformar radicalmente, com uma qualidade tremenda, se perceber que este é o momento decisivo”, apresentando o PMC como uma alternativa que visa conjugar a Alta Velocidade com a valorização ambiental e urbanística.

A proposta hoje apresentada pelos três arquitectos, ligados a campanha da coligação Avançar Coimbra (que integra o PS, Livre e PAN), inscreve-se, assim, no debate em torno da chegada da Alta Velocidade a Coimbra, colocando no espaço público uma alternativa urbanística e ambiental que se pretende diferenciada da solução oficial.