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Portugal mobiliza-se contra incêndios e abandono rural neste sábado

19 de Setembro 2025 Jornal Campeão: Portugal mobiliza-se contra incêndios e abandono rural neste sábado

Populações de quinze concelhos de norte a sul de Portugal vão manifestar-se este sábado contra os incêndios florestais e o abandono do interior, numa iniciativa promovida pela Rede Emergência Florestal/Floresta do Futuro.

Os protestos decorrem em Águeda e Aveiro (distrito de Aveiro), Arganil, Coimbra, Lousã e Oliveira do Hospital (Coimbra), São Pedro do Sul (Viseu), Sertã e Proença-a-Nova (Castelo Branco), Pedrógão Grande e Leiria (Leiria), Braga, Lisboa, Porto e Odemira (Beja).

Em comunicado, a organização sublinha que as diversas localidades “unem-se para protestar contra a reiterada demissão do poder público em relação à floresta e aos incêndios florestais, que há muito deixou de ser incompetência para se tornar numa prática reiterada de permitir a destruição e desertificação do país, começando no mundo rural”.

Segundo a Rede Emergência Florestal/Floresta do Futuro, este ano ardeu mais de 3% do território nacional. Em 2017, menos de uma década atrás, ardeu 5% do território, e nos últimos 35 anos metade do país já foi consumida pelo fogo, com várias áreas a arder duas ou três vezes nesse período.

A organização defende que é possível reduzir os incêndios, mas alerta que isso depende de diminuir o calor extremo e de uma mudança urgente na organização e composição das paisagens e da floresta.

“O protesto centra-se na deseucaliptização do país, actualmente com cerca de um milhão de hectares dominados por uma espécie pirófita e invasora que se expande a cada fogo, na descarbonização, a única forma de travar a subida vertiginosa das temperaturas que agrava os incêndios e as ondas de calor, e na democratização, essencial nas soluções de que precisamos, rejeitando as opções industriais e de (sub)desenvolvimento impostas ao país e ao mundo rural”, explica o comunicado.

Para Margarida Marques, porta-voz do movimento em Arganil – local onde ocorreu o maior incêndio de sempre em Portugal – a manifestação “traz a inultrapassável realidade dos nossos tempos: transformar a paisagem, planear a reocupação dos territórios abandonados e travar o aumento da temperatura”.

O ano de 2025 é já o terceiro pior de sempre em termos de área ardida até 31 de Agosto, indica o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR), destacando que 17% dos grandes incêndios deflagraram durante a noite.

Uma análise preliminar aos incêndios de 2025, relativa ao período de 1 de Janeiro a 31 de Agosto, refere que ocorreram 7.046 fogos, que consumiram 254 mil hectares de área.

A rede Emergência Florestal/Floresta do Futuro foi criada em 2022, na sequência de uma iniciativa que alertou para o problema dos incêndios, através de uma caravana pela justiça climática que percorreu cerca de 400 quilómetros entre a Figueira da Foz e Lisboa, passando pelos territórios mais afectados pelos fogos florestais.