Quando, em Janeiro de 2018, soube que a Câmara Municipal de Condeixa iria adquirir o edifício da antiga Cerâmica de Conimbriga, para aí instalar um centro de apoio ao artesanato cerâmico, enderecei ao presidente Dr. Nuno Moita, felicitações pela iniciativa. Desconhecia os planos da câmara, para a utilização do espaço mas, mesmo assim, juntei algumas sugestões do que, em meu entender e à semelhança de outros centros existentes em cidades europeias com tradição cerâmica, poderia vir a ser o Novo Centro Cerâmico de Condeixa. Como condeixense e tendo em conta a minha longa experiência profissional e empresarial na área da cerâmica, dizia ao presidente: “Estarei sempre à disposição da CMC para, de uma forma totalmente desinteressada, dar contributos para um projeto que considero ser uma excelente ideia e, da maior relevância para Condeixa”. Nunca recebi resposta.
Desde então e, por iniciativa própria, acompanhei o andamento da obra de recuperação do antigo edifício, até que, em Julho de 2023, com a mesma já avançada e, tendo sabido que nada estava planeado para as atividades a desenvolver, nem para a aquisição de mobiliário e de equipamento cerâmico, resolvi escrever, de novo, ao presidente da Câmara.
Sempre com a intenção de colaborar, enviei-lhe um documento da minha autoria, que intitulei “ANTE-PROJETO PARA A INSTALAÇÃO DE UM CENTRO DE CERÂMICA ARTESANAL EM CONDEIXA-A-NOVA”.
Dizia-lhe eu que “O Centro Cerâmico não deverá vir a ser, em meu entender, um museu para exibição de peças cerâmicas, mas antes um organismo dinâmico que desenvolva ações, algumas delas irrepetíveis, nos diferentes domínios que assinalei no Ante-Projeto”.
Para além da incubação de empresas, que já estava prevista e muito bem entregue ao Instituto Pedro Nunes, sugeria eu, vários domínios de atuação do novo centro, em diversas áreas, entre as quais: formação e apoio técnico a artesãos; desenvolvimento laboratorial de novos efeitos cerâmicos; trabalho conjunto com conhecidos ceramistas e artistas plásticos; pesquisa cerâmica para a reprodução fiel de peças antigas, nomeadamente romanas; formação profissional em articulação com o tecido empresarial da região; ações de ocupação de tempos livres dirigidas a jovens e a idosos; organização de uma feira cerâmica de qualidade; colaboração com o Museu de Conimbriga, na organização de ações conjuntas; apoio comercial a artesãos e artistas plásticos com presença em feiras internacionais; workshops; intercâmbio com outros centros cerâmicos; criação de uma marca certificada (CERÂMICA DE CONDEIXA) para atribuir às peças de reconhecida qualidade.
No seguimento da minha missiva, alertava o presidente, dizendo-lhe: “Para não se correr o risco de se vir a inaugurar um edifício sem atividade deve, em meu entender a CM, começar desde já (estávamos em Julho de 2023), pela definição dos estatutos da nova entidade e pela aprovação de um plano de atividades”.
Uma vez mais, não recebi resposta e, por altura do feriado municipal em Julho de 2024, o presidente da câmara acabou mostrando aos convidados, um edifício vazio.
RESUMINDO:
1)- Numa iniciativa de louvar, em Maio de 2018 a Câmara Municipal de Condeixa, adquiriu o prédio da antiga Cerâmica de Conimbriga.
2)- O projeto de recuperação e ampliação, da autoria do Arq. Flório, foi submetido ao programa INOV.C 2020 e aprovado.
3)- A obra foi iniciada em Novembro de 2021 e a sua receção provisória ocorreu em Julho de 2024, curiosamente dias antes da visita efetuada pelo presidente da câmara e respetivos convidados. O prédio encontrava-se vazio.
4)- Quando da candidatura ao financiamento da obra, o atual executivo camarário, não fazendo a mais pequena ideia do que lá fazer e incapaz de elaborar um plano de atividades (que continua a não existir), não acautelou o financiamento do recheio, nomeadamente do equipamento sem o qual é impossível desenvolver qualquer atividade cerâmica.
5)- Apesar de alertado, o presidente da câmara, não tomou atempadamente qualquer ação para resolver o problema, delegando o assunto numa vereadora que, também nada fez.
Certo é que, o/a próximo/a presidente de Câmara irá herdar este problema. Cumpre aos/às candidatos/as à presidência, dizer aos condeixenses como é que se propõem resolvê-lo.