A rotunda que liga a Avenida Dr. Mário Soares à Rua da Várzea, em Buarcos, passou oficialmente a chamar-se Rotunda Poeta Joaquim Namorado, numa homenagem promovida pela Câmara Municipal da Figueira da Foz e pela Junta de Freguesia de Buarcos e São Julião. A cerimónia de inauguração teve lugar na tarde de ontem e contou com a presença de autarcas, representantes de instituições locais, familiares e amigos do homenageado.
O descerramento da nova placa toponímica pretende preservar a memória de Joaquim Namorado, uma figura de destaque da literatura e do pensamento político do século XX português, considerado um dos fundadores e principais teóricos do neorrealismo em Portugal.
Natural de Alter do Chão, no Alentejo, Joaquim Namorado licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra. Impedido de ensinar no ensino público por ser militante do Partido Comunista desde 1930, dedicou-se ao ensino particular e à escrita. Faleceu em 1986, com 72 anos.
A sua ligação à Figueira da Foz consolidou-se ao longo dos anos em que ali residiu, numa casa situada na encosta sul da Serra da Boa Viagem. «Esta rotunda está muito próxima da casa onde viveu. Faz todo o sentido que seja aqui lembrado», explicou Rosa Baptista, justificando a escolha do local para perpetuar a sua memória.
A presidente da Junta de Freguesia de Buarcos e São Julião destacou o significado do gesto: «É um motivo de grande satisfação para todos nós poder prestar esta homenagem a alguém que deixou um contributo tão relevante para a nossa cultura».
Durante a cerimónia, o presidente da autarquia figueirense, Pedro Santana Lopes, recordou o antigo Prémio do Conto Joaquim Namorado, criado em 1983 por iniciativa do jornal Barca Nova e promovido pela Câmara Municipal. O concurso, entretanto descontinuado, foi substituído durante um dos mandatos anteriores do próprio autarca. «Foi uma reacção inadequada, reconheço hoje. Deveria ter continuado com o nome de Joaquim Namorado», admitiu Santana Lopes, classificando a atribuição do nome à rotunda como «um acto de justiça, embora tardio».
Para Maria Teresa Namorado, filha do poeta, a distinção é recebida com emoção e gratidão. «É uma honra enorme para a nossa família. O meu pai não nasceu nem morreu na Figueira, mas foi aqui que escolheu viver, e deixou marca em muitas gerações», afirmou, visivelmente comovida.
A nova designação da rotunda inscreve, assim, Joaquim Namorado na geografia afectiva e simbólica da cidade, assegurando que o seu nome e legado continuam presentes na memória colectiva da Figueira da Foz.