Coimbra  13 de Maio de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

Lino Vinhal

“Campeão” com 25 anos de publicação em Coimbra: Com oito letras se escreve Obrigado

25 de Abril 2025

Com esta edição o “Campeão das Províncias” assinala 25 anos de publicação em Coimbra e cumprimenta com enorme gratidão todas as pessoas, entidades e instituições que com ele têm colaborado, seja qual for a vertente em que isso tenha acontecido. Até aqueles, e alguns foram, que de si discordaram. Uns com razão, outros sem ela. Mas mesmo os sem-razão ajudaram-nos. Em vez de bater o pé e ostentar estatutos de infabilidade que não temos, voltámos atrás, analisámos de novo, corrigimos quando verificámos que o devíamos fazer e na oportunidade seguinte tivemos mais cuidado. É assim que entendemos a nossa função, na sua dupla vertente de informar e opinar, prescrita e bem identificada na “Razão de Ser” com que há 25 anos nos anunciámos a Coimbra.

Como se sabe, este Jornal não nasceu em Coimbra mas renasceu aqui. Na sua primeira fase publicou-se em Aveiro, onde durante 72 anos vestiu os ideais saídos das lutas liberais, tendo sido o espaço editorial predilecto de políticos e figuras de prestígio desses tempos, durante alguns anos liderados por esse grande político e tribuno que foi José Estevão, cuja memória o tempo não deixou apagar ainda. Foi o Campeão das Províncias, durante alguns destes 72 anos, sobretudo os primeiros, o Jornal português mais respeitado pelas comunidades das províncias (daí o nome que hoje parece desajustado mas se mantém nos propósitos) que o consideravam, já então, porta-voz das gentes dispersas pelo país (Províncias) que – já nessa altura, repetimos – se sentia asfixiado pelo centralismo lisboeta que sempre nos abafou e impediu o desenvolvimento harmonioso e homogéneo do país. Ontem como hoje.

Auto suspendendo-se em 1924, viria a publicar-se de novo a partir de 1998, ainda em Aveiro, enquanto laboratório de Jornalismo no Instituto Superior de Informação de Aveiro (ISCIA) que adquiriu o título com esse propósito, dando oportunidade a uma fantástica turma de Jornalismo que na sua esmagadora maioria se gastou em diversos jornais do país, dando o melhor de si para a dignificação do sector informativo que, já nessa altura, dava sinais de algumas inoportunas cedências que, hoje ainda, se mantêm, mais crescidas em vários casos. Foi em defesa do título, retomado em 1998 em Aveiro e cuja Direcção o ISCIA me confiara, que esta mesma Escola de Jornalismo me pediu que garantisse a continuidade do Jornal até que se fizesse noite. Trouxe-o para Coimbra três anos e tal depois. Mantive–lhe, mantivemos-lhe, a matriz, os ideais, a nossa assumida discordância pelo centralismo político que, sendo mau, muito mau mesmo, se agrava imenso quando exercido por políticos profissionais de fraca qualidade e rasteira envergadura.

Portanto e fazendo contas, o “Campeão das Províncias” vai em 100 anos (72+3+25) no total das duas séries. Já agora… deixem-nos continuar. Acreditamos ser capazes de identificar a hora, se essa hora chegar um dia em tempo nosso. Se não chegar, como tanto gosta ríamos que não acontecesse, o Jornal é de Coimbra, como de Coimbra foi igualmente e toda a vida O Despertar que – curioso – o Campeão ajudou que continuasse quando o Fausto Correia, ponta final de uma caminhada familiar que levou o Jornal quase aos 100 anos, se deixou morrer. Nele e com ele, foi a enterrar nos Olivais um dos grandes lutadores pela liberdade de Informação. Curioso ainda referir – perdoem-nos estas invocações que assumimos por tê-las partilhado e testemunhado – que nos Olivais jaz também um outro, tão grande e tão enorme, defensor da Imprensa livre em Portugal pela qual lutou com garras de gigante, como foi o Engenheiro Adriano Lucas, muitos anos proprietário e Director do “Diário de Coimbra” que defendeu o Jornal com dois propósitos que aqui testemunho sem receio de desmentido pela família. Primeiro propósito: honrar a memória do pai, dando continuidade a um projecto editorial que ele criara bastantes anos antes para defender os interesses de Coimbra, já então ameaçados. Segundo propósito: garantir a Coimbra a continuidade de um jornal diário, cuja razão de ser e justificação se mantinham por inteiro, tantos anos depois. Quis o destino, com o passar dos anos, que o receio de Coimbra ser usada e abusada pelo Poder Central se mantenha e se tenha até agravado. Talvez por isso mesmo o engenheiro Adriano Lucas tenha deixado condições, éticas, educacionais e morais, para que este segundo propósito se continue.

Editorial da edição impressa do Campeão das Províncias de 24 de Abril de 2025