Coimbra  18 de Abril de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

Victor Baptista

O abrigo dos refugiados

11 de Abril 2025

Não fugiram, não são nem e(i)migrantes, refugiaram-se no rato, na oliveira matos, em tantos pontos do país. Gente séria! Capaz, bem vestida, cuidadora da imagem, letrados, não precisam de nada, mas em minúscula observação do tempo, camaleões, coloridos, olhando o espelho côncavo, na estória do “espelho meu, há por aí alguém melhor do que eu”. Uma normalidade na celestial anormalidade da política, quando aparentemente tudo afinal não é nada.

Quando recuamos vem à memória o tempo audaz da revolução. Um tempo em que quem não fosse comunista não seria bom português, semelhante aquela de que quem não seja do Benfica não é bom pai de família.

No sopro do vento da expansão ideológica, nem algumas sedes partidárias escapavam, tal a fúria, agora ao ver o presente, os apreciamos, como vultos dançando ao sabor da ondulação e da conveniência, a ideologia virou a pragmatismo, sobretudo quando por perto há gente amiga.

Os navegantes, tanto no capitalismo como no comunismo, na sua intelectualidade, estão sempre prontos, tanto servem uns como os outros. Pouco importa se são pequenos ou grandes, mal comparado, pouco interessa se são grandes ou pequenas as superfícies. A geometria variável adapta-os, e, os menos atentos aplaudem, tal a suprema inteligência e distancia, não deixam rasto nem cheiro, caça pesada para os “perdigueiros”. O bicho humano é mesmo muito curioso!

Viva a donzela pela manhã, porque ao cair da noite, estafada, assusta, tal como a noite, mas sempre feliz quando olha o seu querido espelho. Ao observar o horizonte, reflecte sobre a conquista, de marxista a socialista, pouco importa, quando o destino, embrulho dos socialistas desmemoriados, democráticos, amigos, gerentes da empresa, alguns daltónicos da vida política, mas vencedores no prémio da inscrição socialista e pagantes nas bienais eleitorais. Assim se vai na agremiação.

Uma agremiação que muito fez pelo País, contraventos e marés, combatente pela liberdade, em todas as horas, acolhedora de todos, mesmo daqueles que desfilaram pelas ruas e junto a elas afrontavam, berravam bem alto, fascistas, cá por mim perdoar é uma coisa esquecer é outra. Nas sábias palavras de um Senhor que foi Primeiro-Ministro, há pecados maiores, sem esquecerem que a “virtude” fica ao centro.

(*) Ex-deputado e antigo presidente da Federação de Coimbra do PS