O projecto de transformação de antigo dormitório da Comboios de Portugal (CP) em residência estudantil foi abandonado, mas Câmara de Coimbra quer aproveitar o financiamento previsto para investimento semelhante na zona do Pátio da Inquisição.
Em Agosto de 2024, a Câmara de Coimbra admitiu publicamente que queria que a CP alterasse a localização de transformação de antigo dormitório numa residência estudantil, com capacidade para 25 camas, por o projecto pôr em causa o estudo urbanístico para a frente ribeirinha, na margem direito do rio Mondego.
Esta segunda-feira, em reunião do executivo, a vereadora com o pelouro do urbanismo, Ana Bastos, disse que em Setembro de 2024 o Município apresentou uma proposta de indeferimento do projecto, em sede de audiência prévia, já depois de ter comunicada à CP em 2023 a recusa do Município de validar uma empreitada que iria contra o estudo urbanístico da frente ribeirinha.
Posteriormente foi apresentada uma solução, num edifício da Infraestruturas de Portugal (IP), que aumentaria a capacidade da residência de 25 para 75 camas, mas a CP recusou a proposta por não ser assegurado mais financiamento do que aquele que já tinha previsto, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (cerca de 900 mil euros), afirmou Ana Bastos.
De acordo com a vereadora, face a essa recusa, o Município identificou um edifício municipal na zona do Pátio da Inquisição e elaborou um projecto para a sua adaptação a residência estudantil (com cerca de 20 camas), tendo recebido parecer positivo, com algumas recomendações, por parte do Património Cultural.
A Câmara pretende agora assegurar a transferência do financiamento do programa Erasmus+ previsto para a CP para este novo projecto, esclareceu Ana Bastos, questionada pela agência Lusa à margem da reunião do executivo municipal.
O assunto foi levado à reunião pela vereadora do PS Rosa Cruz, considerando o “bloqueio à residência universitária da CP” mais “do que um erro de gestão”.
“O que leva este executivo a bloquear e a criar os constrangimentos que impôs ao projecto da residência universitária da CP, junto ao rio”, questionou, considerando “incompreensível” a decisão que leva agora a CP “a propor o término do contrato-programa de financiamento”.
A vereadora socialista acusou o Município de não querer “resolver” e de preferir “sabotar” um projecto que acrescentaria 25 camas para estudantes, num programa com protocolo já assegurado com a Universidade de Coimbra.
Ana Bastos vincou que o Município, no espaço de “três ou quatro meses”, tem procurado encontrar soluções alternativas, mas que aprovar aquele antigo dormitório seria “abortar o estudo urbanístico para a frente rio”, projecto aprovado com os votos favoráveis do PS.
“Se permitíssemos [a adaptação do dormitório], o edifício iria inviabilizar o novo arruamento, que seria essencial à acessibilidade a todo esse novo bairro”, disse, vincando que o edifício poria em causa um estudo que procura devolver uma relação do rio com aquela zona da cidade. “Não estamos a dormir. Estamos a defender a cidade e uma cidade de futuro”, salientou.