Coimbra  17 de Abril de 2025 | Director: Lino Vinhal

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Hernâni Caniço

Os melhores

4 de Abril 2025

Em tempo record, as forças políticas afadigaram-se a seleccionar candidatos para a assembleia legislativa, em eleições provocadas pelo governo do PSD, com a sua moção de confiança extemporânea, destinadas a aproveitar o que julga serem os ventos favoráveis motivados pelo crescimento económico, afinal originário do governo socialista.

Os critérios de selecção dos candidatos a deputados pautam-se por razões de transparência, em que são escolhidos os mais capazes para a função ou os mais fragilizados pelo desconhecimento técnico, mas verdadeiros obreiros do aparelho partidário, ou por razões obscuras capciosas que ainda persistem na sociedade do futuro, porque informação é poder, grupo é reforço.

Pretendendo iludir os eleitores, o PSD mistura a função executiva (governativa) e a legislativa (só faltava a judicial…), ao apresentar nas lideranças distritais quase todos os ministros do governo (retirou-lhe quatro cromos mais vulgares nas cadernetas, que têm feito mixaria permanente, sem primor nem maestrias para os eleitos), sendo mais uma tentativa de logro para eleitores.

Entre os critérios (potencialmente ganhadores?), procuram-se cidadãos de inserção na sociedade civil, dirigentes representativos de classes profissionais, técnicos funcionais para a dignidade do cargo, pessoas exemplares e impolutas reconhecidas, políticos como acto de cultura, especialistas nos direitos sociais, lideranças em direitos humanos, jovens competentes para o futuro, seniores experientes sem complexos de idadismo, enfim sejam líderes de causas e profissionais em ser humano.

Este lote de candidatos terá como características servir o povo e não se servir a si próprio, exercer as qualificações sem desiludir quem neles votou, desenvolver as aptidões para melhorar o quadro económico, social e solidário, não ter proventos em regalias sociais indevidas nem favorecimento.

Serão renegados ou mesmo excluídos quem surripiar malas e vender conteúdos, confessos e comprovados pedófilos e proxenetas, condenados pela ética e pela justiça, difamadores fora do exercício da liberdade de expressão, empresários no activo que misturem funções políticas no passivo, traficantes de influências para benefícios ilegítimos e conflituantes de interesses e infrações conexas.

Entre os critérios (potencialmente perdedores?), também se encontram pessoas sem profissão à procura de emprego, quadros a segurar um qualquer lugar e garantias de sobrevivência política, aplicadores de ratios por quotas, medíocres que confundem um partido político enquanto ideologia como clã por si dominado, medianos à procura de protagonismo e ascensão sem queda, enfim cromos banais.

O voto é em lista distrital, não há círculos uninominais, para o bem e para o mal, o que proporcionaria aos eleitores aliar características com ideologia e seleccionar personalizadamente em quem confiaria, teria mais responsabilidade individual e menor probabilidade de fracassos, desvios e distorções.

Como assumido socialista de longa data, o leitor não estranhará que defenda que os melhores deverão encontrar-se no Partido Socialista, sendo mais importante do que os futuros eleitos, a ideologia que perfilha o Estado social, a saúde a tempo e horas (que não existe), a educação com professores para quem precisa (que não existem, e que são pouco respeitados), a habitação (onde há retorno às barracas do salazarismo e da desigualdade) e a segurança social (que compense os mais fragilizados e quem dedicou a sua vida ao bem público e ao trabalho digno).

(*) Médico e vereador do PS na Câmara de Coimbra