O aterro existente em Vil de Matos está a atingir a sua capacidade máxima. Como o lixo não deixa de ser produzido só porque não há onde o acolher, a solução passa por expandir a capacidade do aterro, a qual, se nada for feito, se esgotará já em Setembro. Por essa razão estão já previstos trabalhos de ampliação do aterro, o que permitirá estender a sua utilização até 2027. No entretanto, o que está a ser feito no domínio da redução dos resíduos, nomeadamente dos resíduos orgânicos?
Em Bruxelas, a separação do lixo orgânico é obrigatória desde 25 de Maio de 2023. Por lixo orgânico entenda-se os resíduos alimentares como restos das refeições, cascas, desperdícios da preparação dos alimentos. Para cumprir esta obrigação, os residentes (mas também as empresas) têm à sua disposição três opções: o saco laranja, a compostagem individual ou a compostagem de bairro. O saco laranja é o mais recente saco de recolha de resíduos, ao lado do saco amarelo (papel e cartão), do saco azul (embalagens), do saco verde (desperdícios de jardinagem, como relva aparada ou ramos resultantes da poda de árvores) e do saco branco (que alberga o lixo insusceptível de ser reciclado). Nos sacos laranjas deve ser colocado todo o lixo orgânico produzido à roda das nossas refeições. Os sacos são recolhidos no dia previsto para o efeito – por exemplo, 4.ª feira, devendo ser colocados na rua na véspera, a partir das 18h00. Este modelo de recolha semanal, que obriga o cidadão a manter em casa o lixo orgânico durante sete dias (uma tarefa nem sempre fácil, sobretudo em dias de calor) não é sem reparos – mas isso não é desculpa para não separar o lixo orgânico, uma vez que há alternativas. Quem tem jardim, terraço ou mesmo uma varanda, pode sem grande dificuldade instalar um compostor individual. Para quem tem menos espaço em casa, existe a compostagem colectiva, permitindo aos residentes num dado bairro tomarem parte de um esforço comum, partilhado pela vizinhança, na criação de composto orgânico. Em Bruxelas são já 200 os pontos de compostagem colectiva. E que resultados conseguiu já obter a cidade? O saco laranja, inicialmente voluntário, permitiu recolher 11 mil toneladas de resíduos orgânicos em 2022 e 18 mil em 2023. Já num quadro de obrigatoriedade, em 2024 atingiram-se as quase 22 mil toneladas de recolha – tudo isto sem contar com a compostagem, que vai alimentando jardins e parques com bom fertilizante. São números disponibilizados pela agência Bruxelles-Propreté, que abrange a região de Bruxelas e, por conseguinte, cerca de 1,25 milhões de pessoas. Não é um número muito superior ao que releva para o trabalho da ERSUC – Resíduos Sólidos do Centro, que serve uma população de 36 municípios do Litoral Centro, com quase um milhão de habitantes.
Em Coimbra, o projecto-piloto lançado em 2024 foi muito bem recebido e os contentores castanhos começam a crescer em número. Mas importa acelerar: os resíduos orgânicos que vão parar ao aterro são não só potentes emissores de mau cheiro e de gases com efeito de estufa, como são uma oportunidade perdida. Se encaminhados para uma central de biomassa, os resíduos orgânicos permitem produzir energia e, caso se opte pela compostagem, fecham um ciclo natural: os restos alimentares voltam à terra de onde vieram, prontos para nutrir nova vida. Em Bruxelas recolheram-se 22 mil toneladas. Vamos ver do que são capazes os conimbricenses e demais municípios da região.