Coimbra  27 de Abril de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

Jorge Gouveia Monteiro

Barragem de Girabolho: algumas perguntas

21 de Março 2025

Pessoas várias, algumas das quais tenho em muita consideração e estima, têm vindo a defender a construção de uma nova barragem no Mondego, a montante da Agueira.

Mas sinto que falta responder a várias questões que me preocupam e têm também sido objecto de tomadas de posição por parte de associações de defesa do ambiente e da qualidade da água na bacia do Mondego. Vou tentar alinhar as que me inquietam:

– Quanto custaria reflorestar seriamente as serras que são cabeceiras dos rios Mondego, Ceira, Alva e outros cursos de água? É sabido que as árvores têm uma elevada capacidade de conservação de água e permitem a infiltração da mesma nos aquíferos.

– Se a barragem de Girabolhos terá como função a produção de energia eléctrica, ela tenderá a estar permanentemente quase cheia, como acontece hoje com a da Agueira. Assim sendo, como sustentar a afirmação de que ajuda a prevenir as cheias do Baixo Mondego?

– Vamos continuar a permitir que sejam as gigantes empresas fornecedoras de energia eléctrica a gerir as barragens e os canais de água que descarregam para jusante? A péssima experiência da EDP na Aguieira vai ou não ser tida em conta?

– Qual o acréscimo de temperatura da água que cientificamente se espera que a barragem de Girabolhos provocará no caudal do Mondego? Quais os impactos esperados na biodiversidade e qualidade da vida das espécies aquáticas que sobreviverem?

Como se compreende, estas não são questões menores. Os grandes investimentos e obras são sempre pensados em nome de objectivos e resultados. A inteligência está em conseguir equacionar todos os dados e não apenas o do consumo humano imediato.

Agradeço a quem souber responder-me que o faça antes do facto consumado. Obrigado.

(*) Coordenador do Movimento Cidadãos por Coimbra